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quinta-feira, 2 de abril de 2015

Cadela é vítima de estupro em festa universitária em Santa Maria (RS)

Xeque- Marcelo Bancalero

Quando achamos que já vimos toda capacidade de fazer maldade, por parte deste "ser racional", o bicho homem...
Aparece mais um caso de tamanha estupidez, insensatez, monstruosidade e outros tantos adjetivos pejorativos que puder encontrar... Que me deixa enojado.
Não diminuindo estupros de mulheres, como aquele que Bolsonaro pensa que tem mulher que merece. 
Estupro é uma monstruosidade, um crime hediondo. 
A maldade de um estupro , não é merecida nem a seres humanos, e nem a animais.

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Cadela é vítima de estupro em festa universitária em Santa Maria (RS)

30 de março de 2015 às 14:20

Foto: Diário de Santa Maria
Foto: Diário de Santa Maria
No dia 23 de março, segunda-feira posterior a duas festas realizadas no campus da UFSM – Santa Maria, foi encontrada próxima à Pista de Caminhada uma cadela comunitária que sempre foi muito feliz e carinhosa com todos. Todavia, ontem, ela não se levantou ou brincou com as pessoas. Ela ficou deitada, encolhida, cansada, isso porque essa cadelinha em questão foi estuprada, estima-se que no sábado, após a festa Pré-Copafarma, do curso de Farmácia. Há relatos de que, provavelmente, a agressão ocorreu por mais de um ser e mais de uma vez.
Esse crime cometido dentro de um ambiente que é, supostamente, seguro para todos os seres que lá transitam, nos chocou e fez disparar muita revolta e ódio na internet. Sem julgamento de valor, cada pessoa tem a sua opinião nesses casos, seja ela revoltosa ou branda, mas é certo que não se pode deixar um fato desses passar.
Pouco se fala de cultura do estupro, tendo como base a sociedade em seu amplo tecido social. Entretanto, como feministas e mulheres, a cultura do estupro nunca é esquecida por nós. Os mesmos seres – humanos, machos – que estupraram esse ser indefeso – cadela, fêmea – são aqueles que estão hoje, ontem e sempre, convivendo impunemente entre outras fêmeas – e dessa vez, nem todas cadelas, nem todas humanas. São muitas vezes os seres que dizem que “ela estava pedindo andando de roupa curta” ou que entram sorrateiramente nos quartos das mães, irmãs, tias, avós e primas. Ou que saem bêbados (ou será que sóbrios?) de uma festa, cercam um animal (humano ou não-humano) e o violentam. São os seres que caminham livremente, enquanto as fêmeas se deitam tristes, analisando todos os ferimentos físicos e psíquicos que acabaram de sofrer.
É na cultura do estupro que fica escancarado que todas as fêmeas são corpos intuídos como dóceis para a sociedade machocentrada e dominada pelos humanos heterossexuais. Aos olhos dos machos humanos, nenhuma fêmea mostra resistência e está sempre disponível. Dessa forma, a sociedade, além de não amparar esses seres violentados, os culpabilizam e os marginalizam. Os expõe como corpos disponíveis e perecíveis, tanto antes do abuso, quanto depois, deixando-os a mercê da piedade alheia.
Tendo como exemplo o contexto da UFSM, somos bombardeadas todo o semestre com as festas e seus nomes absurdos e agressivos, como Arranca Baço, do curso de Medicina e Pega-Cria, do curso de Zootecnia. Além disso, vemos muitas atividades relativas aos trotes que equiparam mulheres a outros seres, como cadelas, vacas, porcas, enfim, e a partir dessa comparação, as tornam disponíveis as violências. Nenhum ser, apenas por existir, está perecível a violência, seja ele humano ou não-humano. Entretanto, não soa ofensivo aos homens que cunham estes trocadilhos, inclusive, quando confrontados dizem para termos senso de humor e não entender mal as coisas. Homem, nós entendemos bem as coisas, vocês é que não percebem a cultura do estupro das fêmeas, sejam elas humanas ou não-humanas, pois nos mesmos pilares que se constroem essas expressões, e as tornam engraçadinhas para alguns, se montam as opiniões de que se é aceitável estuprar seres.
É importante lembrar que a cifra do estupro é pífia. Muitas mulheres que sofrem violência não denunciam ou demoram anos até compreenderem o que passaram. Podem haver casos de violência contra mulher em festas que levam o nome da Universidade Federal de Santa Maria e estes serem abafados, afinal, pouco se é discutido ou feito para que as mulheres se sintam confortáveis para denunciar seus agressores ou entender que não é normal ou aceitável que alguém passe a mão no seu corpo ou tenha outras atitudes invasivas. Também é importante ressaltar que não há segurança especializada em casos como estes, levando as mulheres que sofreram abuso serem atendidas por pessoas que podem desconsiderar a violência que estas sofreram.
Nenhum tipo de violência deveria ser tolerável, seja contra humanos ou não-humanos. Estupro é crime e não se pode mais fechar os olhos para todo o discurso que culpabiliza as vítimas e não os agressores. Os homens, machos, precisam entender, de uma vez por todas, que não podem acobertar seus atos em piadinhas ou jogos de poder – pois estupro na maioria das vezes é sobre intuir poder em cima de outro ser. Que se findem os trotes machistas. Que se acabe com a violência contra os animais, seja ela física ou psíquica. Sejam os animais humanos ou não-humanos.
Esperamos muito que os agressores dessa cadelinha sejam encontrados e que a Universidade tome as medidas adequadas. Estupradores não passarão!


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