RS: Militares e civis ligados ao PSDB quebraram sigilo de políticos do PT
O promotor de Justiça Criminal Amilcar Macedo, do Ministério Público na cidade de Canoas, no Rio Grande do Sul, informou que, além do sargento César Rodrigues de Carvalho, preso na manhã de sexta-feira (3), outras quatro pessoas também são investigadas pelo acesso irregular a dados sigilosos de políticos do PT, sendo que duas são integrantes da Brigada Militar (BM) e duas são civis ligados ao governo Yeda Crusius(PSDB) do Rio Grande do Sul. Suas identidades serão reveladas nesta segunda-feira.
O promotor garantiu ainda que os nomes já checados daqueles que tiveram seus dados sigilosos acessados pelo sargento também serão divulgados. O sargento, integrante da BM, estava lotado na Casa Militar do Palácio Piratini (sede do governo gaúcho) e foi preso na manhã de sexta-feira (3) em sua residência em Porto Alegre. Ele, que havia sido promovido poucos dias antes, começou a ser investigado há três meses, após denúncia de que extorquia contraventores na região Metropolitana da Capital.
Mas as investigações acabaram levantando que Carvalho acessava dados sigilosos de políticos gaúchos e do diretório estadual do Partido dos Trabalhadores (PT) por meio do sistema Consultas Integradas, da Secretaria de Segurança Pública (SSP).
"Fizemos uma primeira varredura nos nomes mais conhecidos entre os acessados e nesta segunda vamos liberá-los. Pode eventualmente ter mais alguém. Ele fazia muitas consultas via registro Geral (RG). Mas posso adiantar que são muitos nomes", informou na noite deste domingo o promotor. Entre aqueles que tiveram seus dados consultados estão um ex-ministro e um senador.
Eles seriam o candidato do PT ao governo, Tarso Genro, e o senador Paulo Paim, candidato à reeleição. No sábado, Macedo postou em seu twitter: "Ainda não obtive autorização formal dos envolvidos para divulgar os nomes dos políticos bisbilhotados na operação agregação. Mas o partido político, diretórios e veiculos, assim como integrantes que foram acessados, foi o Partido dos Trabalhadores".
Além dos espionados, também serão divulgados outros dados referentes aos acessos. Macedo e sua equipe passaram o final de semana trabalhando na checagem de dados da investigação, apelidada de Operação Agregação. O promotor considera que os acessos aos dados de políticos, feitos por meio de senhas do sistema, não se justificam porque a Casa Militar atua na segurança pessoal da governadora e na Defesa Civil.
A equipe está investigando os acessos feitos desde janeiro de 2009. Conforme o promotor, o trabalho é "hercúleo" porque a cada cinco ou seis dias eram feitas aproximadamente mil consultas. "São mais de 10 mil", assegurou.
Ele adiantou ainda que nesta semana vai ouvir o sargento para que ele fale sobre os motivos dos acessos aos dados sigilosos. Uma das dificuldades encontradas no levantamento é o fato de que as auditorias compreendem períodos de 15 dias em 15 dias e, quando o número de acessos chega a mil, o sistema automaticamente interrompe as checagens. Isso significa que, se em um período de 15 dias foram feitas milhares de consultas, só as primeiras mil irão aparecer. "Vamos fazer uma solicitação no sentido de que seja recuperada a totalidade dos acessos feitos", adiantou ele.
O secretário geral do PT gaúcho, Carlos Pestana, que coordena a campanha de Genro, informou que a executiva estadual e a bancada do partido na Assembleia Legislativa se reúnem nesta segunda-feira (6) para decidir quais medidas vão tomar a respeito do caso. A executiva petista gaúcha avalia a possibilidade de solicitar uma reunião com a executiva nacional do partido para tratar do caso, e compará-lo aquele do vazamento de dados de contribuintes da Receita Federal, entre eles os de Veronica Sera, filha do candidato do PSDB à presidência da República, José Serra.
"O PSDB faz uma série de acusações ao PT e à campanha de Dilma Rousseff, e não apresenta provas. Enquanto isso, aqui no Rio Grande do Sul temos um sargento que trabalhava na Casa Militar, está preso, e uma investigação feita pelo Ministério Público. Não que já não estivéssemos acostumados porque isso já aconteceu nas eleições municipais de 2008, envolvendo integrantes do governo do Estado", lembrou Pestana.
A Brigada Militar instaurou um Inquérito Policial Militar para apurar o caso e na sexta-feira (3) uma equipe da corregedoria da BM procurou pelo promotor Macedo.Terra
Escândalo no RS - Até crianças foram espionadas
ResponderExcluirDo blog de Rosane de Oliveira
Nada me chocou mais na entrevista do promotor Amílcar Macedo ao Gaúcha Atualidade do que saber que com a senha do sargento preso na sexta-feira foram acessados dados de crianças, filhos de deputados, de juízes e sabe-se lá de quem mais.
Mais do que dados, porque criança não tem prontuário no Detran nem antecedentes criminais, os arapongas entraram no sistema de identificação para ver fotografias. Isso é assustador.
Que interesse um sargento lotado na Casa Militar poderia ter em fotos de filhos de supostos alvos? Essa pergunta eu espero que a investigação responda.
Na entrevista, o promotor revelou uma lista de nomes que tiveram os dados bisbilhotados. Uns são desafetos do governo. Outros, aliados.
Macedo explicou que o sargento tinha uma senha Master, que permite não apenas o acesso aos dados, como identificar quem entrou nas informações de determinada pessoa. Poderia, portanto, acompanhar se alguém estava sendo investigado pelo Ministério Público ou pela polícia. Teria sido assim que ele conseguiu abortar investigações contra contraventores de quem recebia propina.
A lista é longa e ainda não está completa. O promotor segue trabalhando na identificação das pessoas que tiveram seus dados vasculhados. Vou reproduzir abaixo, em ordem alfabética, os nomes que ele citou, incluindo a observação “a confirmar”, usada para dois casos:
- Adão Paiani - Ex-ouvidor da Secretaria da Segurança
- Ana Claudia Mazzali - capitã da Brigada
- Coronel Bondan - Brigada Militar
- Coronel Quevedo - Brigada Militar
- Chefes dos Serviço de Inteligência do CPM e do V COMAR
- Claudio Manfroi - ex-presidente do PTB
- Edilson Paim - delegado de polícia
- Eliseu Santos - ex-secretário da Saúde (acesso feito depois do assassinato)
- Flávio Conrado - delegado de polícia
- Flavio Koutzii - ex-deputado do PT
- Heliomar Franco - delegado de polícia
- Jefferson de Barros Jacques - major da Brigada
- Lair Ferst - pivô do escândalo do Detran
- Luis Augusto Lara - deputado estadual do PTB
- Luis Carlos Busato - deputado federal do PTB
- Marco Aurélio Weisshmeimer - jornalista do site RS Urgente
- Maria Lúcia Streck - jornalista (ex-Zero Hora)
- Nereu Lima - advogado (a confirmar)
- Roberto Sirotsky Gershenson
- Políbio Braga - jornalista
- Rafael Colling - jornalista da Rádio Gaúcha (a confirmar)
- Ranolfo Vieira Jr. - delegado de polícia
- Ricardo Lied - ex-chefe de gabinete da governadora
- Sandra Terra - assessora da governadora
- Sérgio Zambiasi - senador do PTB
- Stela Farias - deputada estadual do PT
- Tania Regina Silva Reckziegel - presidente do PTB Mulher
- Tarso Genro - ex-ministro e candidato do PT a governador
- Telma Cecília Torran
- Vanessa Guazzelli Braga, Telma Cecília Torran
- Walna Vilarin Menezes - assessora da governadora
Retirado em http://oglobo.globo.com/pais/noblat/post.asp?t=escandalo-no-rs-ate-criancas-foram-espionadas&cod_Post=322222&a=111