Magazine do Xeque-Mate

segunda-feira, 27 de agosto de 2018

Manifesto em solidadriedade a Fabrício Rosa candidato ao senado em GO e policial da PRF perseguido por ser gay assumido e uma mensagem dele aos apoiadores



Fui convidado a assinar um manifesto à favor do então candidato ao senado de GO neste pleito de 2018, e policial Rodoviário Federal Fabrício Rosa que sofreu perseguição politica por ser assumidamente gay e ter suas concepções sobre discriminação da maconha

Fabrício foi intimado na última quarta-feira, 22, pela Corregedoria da Polícia Rodoviária Federal em Goiás para dar explicações acerca de manifestações que vem proferindo a publicamente sobre políticas de drogas. A intimação se deu após uma denúncia anônima, realizada no portal da Controladoria Geral da União e reencaminhada para a PRF para providências, anexado a denúncia matérias de jornais locais em que ele se apresenta enquanto um candidato gay.
Os argumentos utilizados na denúncias foram, segundo consta no documento, uma fala pública feita pelo candidato em relação à descriminalização da maconha no Fórum Social Mundial no início deste ano e o fato de ele ser assumidamente gay.
Não pensei duas vezes em assinar o manifesto que foi uma iniciativa Natasha Gomes Moreira Abreu - advogada, membro da Comissão de Direitos Humanos da OAB/GO e sua mãe Cristina Moreira, e Renata da Cunha Jamardo Beiro - ativista dos Direitos Humanos.  E em apenas um dia uniu tantos nomes representantes da sociedade, intelectuais, escritores, professores, advogados, políticos, estudantes, sindicatos e muito mias...
São 130 nomes com representatividade em setores importantes da nossa sociedade unidos contra a homofobia e quaisquer tentativas de se impedir que os direitos humanos em sua plenitude
Convidado pela minha comp@ Renata Beiro aceitei   por que essa bandeira também faz parte de minhas lutas. E sei que como evangélico, que sou, o peso do meu apoio num manifesto deste é importante , para que todos compreendam que essa luta é de todos nós. Pois quando falamos de direitos humanos, falamos da humanidade como um todo. E um cristão que se diz, parecido com Cristo, que fica impassível diante de um outro ser humano sendo injustiçado e perseguido, está muito longe daquele que diz seguir.
Depois de assinar, Fabrício e eu conversamos pelo Whatsapp, e ele me passou o texto abaixo, contando sua linda história e agradecendo pelo apoio que recebeu.
Após  a mensagem dele, segue o manifesto e as assinaturas dos apoiadores

Sobre gratidão, história e luta
Fabrício Rosa

Quando ingressei na polícia eu estava saindo de duas situações recentes e complicadas: uma expulsão de casa, por ser gay, e uma experiência evangélica em busca da tal “cura gay”. Fiz o concurso em 1999. Lá se vão quase 20 anos. Me lembro, como hoje, do primeiro dia na porta da Academia de Polícia Militar. Todos os “bichos” enfileirados, vestidos de calça jeans e camiseta branca. Uma cadete mais velha, loira, vociferava frases disciplinadoras e dava as boas-vindas para os anos que estariam por vir.

Durante três anos, o quartel foi uma casa de amigos, apesar das dificuldades. E a casa dos meus amigos foi a minha casa. Eu era um quase-adolescente e me divertia com os companheiros. Não sofri grave violência homofóbica por parte dos colegas - ou não a percebia. Mas a LGBTIfobia estava lá, no mesmo lugar de hoje, escancarada na linguagem macho-belicista-policial a definir os contornos do lugar do abjeto, do vergonhoso e do risível: “viadinho”, “ratazana gay”, “goiabinha”, “manja-rola” eram predicados comuns proferidos contra qualquer um que demonstrasse “suspeita”. Eu escapei. Apesar da liberdade proporcionada nos 3 anos de teatro, fui disciplinado pela família para apagar traços de feminilidade. Isso fazia com que eu e um primo ensaiássemos o pronunciamento de gírias e formas para engrossar a voz. Aliado a isso, minha cara de guri foi fator importante para me salvar das críticas por não “pegar” meninas: “Ah, deixa ele, é muito novo”. “Ele só pensa em estudar”. “É o mascote da turma”.

No segundo ano do militarismo vivi uma cena inusitada. Fui abordado pela PM enquanto beijava, no escuro noturno dos corredores de um camelódromo, o namoradinho de então. Foi um choque. “Meu Deus, vou perder o emprego”, “Vou ser expulso da corporação e ainda ridicularizado na frente dos colegas”. Aos prantos eu implorei aos soldados, que realizavam policiamento com motocicletas, para que não contassem a ninguém. Uma amiga, que era da turma de um deles, conseguiu convencê-los a não passar a história para frente. Até hoje mantiveram a promessa. Eu os agradeço profundamente porque episódio parecido havia acabado de gerar a “expulsão” de um outro cadete. A palavra expulsão está entre aspas porque, pelo que sei, o aluno não teria sido enxotado da Academia ou sofrido processo administrativo. Ele apenas foi convidado pelos comandantes a se retirar: “Você pede baixa ou nós contamos para toda a tropa.”

Passados os anos, em 2004, começaram a surgir buchichos acerca de minha homossexualidade. Seguranças de boates LGBTIs, que também eram PMs, comentavam com amigos da minha turma que, logo em seguida, me contactavam: “Fabrício, estão te confundindo com algum parente ou outra pessoa.”. Eu começava a “me assumir”, mas a vergonha da minha condição, e os baixos salários, me levariam a pensar em outro concurso.

Ingressei na PRF em 2005. No primeiro ano de trabalho, novamente, fui abordado pela PM em outra situação amorosa. Não, eu não era um promíscuo ou coisa do tipo. Era só azarado mesmo. De todo modo, é importante dizer que héteros também namoram nas ruas e dentro dos carros e não são julgados pelo seu comportamento. Mas essa abordagem foi diferente. Após ela, o policial saiu de seu local rotineiro de trabalho e se dirigiu à unidade da PRF para contar o que tinha visto. A história se espalhou e eu seria recebido na Polícia Rodoviária Federal como um policial gay! Conversas nos corredores, nos postos e em todo lugar: “Fiquei sabendo de tal coisa, é verdade?” Eu dizia: “Sim”, com a dor e o alívio de quem era empurrado para fora do armário.

De lá para cá muita coisa aconteceu. A generosa PRF mudou minha vida para muito melhor. Troquei a moto pelo carro. Comprei meu apartamento. Conheci 23 estados brasileiros em operações policiais, ministrando aulas ou fazendo processos correcionais. Fiz minha primeira viagem internacional e todas as outras que se seguiriam. Auxiliei na criação e manutenção das Comissão de Direitos Humanos da PRF. Idealizei e realizei projetos com repercussão nacional. Encontrei meu espaço, especialmente nas ações de combate à violência sexual e ao tráfico de pessoas.

Acontece que a danada da homofobia faz sentinela à nossa volta, em que pese a generosidade e o olhar compreensivo da maioria dos colegas da PRF. Ela circula nas piadas estigmatizadoras, nos olhares e cutucadas reveladoras, nos silenciamentos, nos não-convites e desconvites para participar de eventos, nos pedidos para trocar o quarto do hotel em viagens a trabalho, na contrariedade visível ao ver que um nome de um LGBTI consta na mesma equipe policial e, no meu caso, até mesmo em reunião com autoridade do alto escalão “esclarecendo” que “não era bom eu falar publicamente que era gay”.

As situações de homofobia são muitas e quotidianas, mas prefiro encará-las com bom humor e com compreensão histórica dos fatos. Entretanto, se não nos atentamos, elas nos retiram direitos. Um exemplo: sou casado desde 2007. O reconhecimento da união estável homoafetiva pelo STF ocorreu em 2010. Ainda nesse ano, eu e meu companheiro formalizamos nossa união. O processo administrativo interno transitou por inúmeras esferas, em Goiânia e em Brasília, e o pedido de reconhecimento da união – para fins previdenciários e de plano de saúde - foi negado. Foi “um upa” para que houvesse aceitação e para que o resultado final fosse positivo.

No meu caso pessoal vale esclarecer que, junto da homofobia, convivo com a incompreensão - por parte de alguns, e o ódio - por parte de outros, acerca de minhas posições políticas. Sou socialista e militante pela liberdade. A favor da legalização do uso, do comércio e da produção de todas as substâncias, nomeadas drogas, que foram – aleatória e politicamente – postas na ilegalidade. Faço parte, há alguns anos, de duas associações de policiais que comungam do mesmo pensamento: a Law Enforcement Against Prohibition e o Movimento dos Policiais Antifascimo. Nos encontros nacionais dessas associações, nós discutimos os nefastos efeitos da guerra às drogas, especialmente para a juventude negra, e pobre, e para os próprios policiais. Em um desses encontros, afirmei que a guerra às drogas tem modificado a atuação das polícias, inclusive da Polícia Rodoviária Federal - a deixando mais bélica e reativa que o de costume. Essa fala, aliada ao fato de eu ter colocado meu nome à disposição para concorrer ao cargo de Governador de Goiás pelo PSOL, fez com que várias pessoas, incluindo policiais, me encaminhassem mensagens pelas redes sociais, com críticas odiosas e preconceituosas. Diziam que eu sou “uma vergonha” para a instituição e que não tenho o direito de “agir assim”. Por outro lado, passei a ouvir da boca de colegas policiais de minha confiança, nos bastidores, que outros PRFs estariam desejosos que fosse instaurado um processo disciplinar, contra mim, por incitação ao crime. No caso, incitação ao “uso de drogas”. Desde então, fiquei esperando uma denúncia. E ela veio. Uma denúncia anônima de um fato público, que apenas expressa a visão de um cidadão brasileiro acerca de determinada política pública. Uma denúncia que poderia ter sido, justificadamente, arquivada sem maiores constrangimentos. Fui Corregedor da PRF e sei que é juridicamente plausível o arquivamento de denúncias anônimas que não trazem elementos probatórios mínimos acerca de irregularidades.

Por tudo isso, anteontem, fui comunicado pela Corregedoria da PRF em Goiás de que deveria me apresentar, em data escolhida por mim, para ser inquirido em audiência com o objetivo de esclarecer tais falas. A audiência ocorreu hoje à tarde. Fui bem recebido pelos colegas da Corregedoria, onde atuei por anos. Relatei parte do que está exposto aqui. Expliquei que tenho muito orgulho de ser PRF, que sempre defendi que os policiais devem agir dentro da legalidade  e esclareci que alguns termos utilizados pelos jornais não são exatamente como eu dissera.

Amigos, familiares, militantes de movimentos sociais, artistas, membros de comitês de políticas públicas, pesquisadores, sindicalistas, policiais, servidores, mãe: eu estou bem! Esse texto é para tranquilizar vocês e é uma tentativa de agradecer o carinho de tanta gente! Acredito verdadeiramente que o processo administrativo será arquivado sem maiores consequências, já que não cometi nenhuma irregularidade funcional ou crime. Agradeço, de modo especial e caloroso, os voluntários advogados que passaram essa tarde comigo: Elias Menta Macedo, Tarihan Chaveiro e Chyntia Barcellos, amo vocês. Prometo continuar na luta por direitos humanos e por um mundo sem LGBTIfobia e com plena liberdade de expressão!

Veja nos links abaixo a acusação contra Fabrício Rosa
http://midianinja.org/news/policial-gay-e-denunciado-pela-pf-por-declarar-sexualidade-e-posicao-sobre-drogas/
https://www.facebook.com/164188247072662/posts/1261959017295574/


NOTA EM APOIO A FABRÍCIO ROSA POLICIAL DA PRF/GO 

Viemos a público manifestar nossa solidariedade ao Fabrício Rosa diante da denúncia anônima, enviada à Controladoria Geral da União e Polícia Rodoviária Federal, que questiona sua suposta conduta de “descumprimento dos deveres da lei 8.112/90” de que estaria agindo com “falta de moralidade administrativa”. Na denúncia, os documentos juntados são sobre o fato de ser porta voz da Associação da Leap Brasil (agentes da Lei contra a Proibição) que tem como objetivo “informar sobre a falência e os danos provocados pela ‘guerra às drogas’, e o outro de uma matéria jornalística de março deste ano que traça seu perfil, destacando o fato de ele ser um policial assumidamente gay que, naquele momento, era pré-candidato ao governo do Estado”1 . Diante disso, repudiamos a tentativa de censura à liberdade de expressão por ser um policial que discute a descriminalização da maconha e repudiamos qualquer conduta que configure e ou incite a homofobia e a intolerância à diversidade sexual. A livre manifestação ao pensamento, à liberdade individual, o direito à livre orientação sexual e identidade de gênero, à diversidade, o respeito à autonomia privada, à não discriminação são direitos fundamentais assegurados pela Constituição Federal, indispensáveis a toda sociedade aberta e plural. Goiânia, 24 de agosto de 2018.

Assinam a presente nota:

1. Adriana Accorsi - Deputada estadual
2. Ailma Maria Oliveira - presidenta da CTB
3. Ailton Lopes, presidente do PSOL Ceará, professor, bancário e linguista crítico
4. Alessandra de Abreu Minadakis Barbosa - Procuradora Federal
5. Alessandra de Oliveira Santos - professora Seduce/Go
6. Alexandre Augusto - artista
7. Alexandre Felix Campos, Investigador de Polícia – SP, POLICIAIS ANTIFASCISMO – SP
8. Allan Hahnemann Ferreira, professor UFG/Regional Goiás e Advogado
9. Ana Cristina Evangelista - artista
10. Ana Rita Marcelo de Castro - presidenta do Conselho Estadual da Mulher de Goiás
11. Andréa Vettorassi - professora da Faculdade de Ciências Sociais UFG
12. Ângela Cristina S. Ferreira - integrante da Coordenação do Comitê Goiano de Direitos Humanos 13. Ângela Márcia Ramos - psicóloga clínica e atuo no CEAM - Centro Especializado de Atendimento à Mulher (vítima de violência doméstica) em Luziânia
14. Ângelo Cavalcante - Economista, professor da Universidade Estadual de Goiás (UEG), campus Itumbiara
15. ASCENDA - Associação de Empresários e Empreendedores para Fortalecimento do AfroEmpreendedorismo
16. Associação de Travestis, Transexuais e Transgêneros de Goiás (Astral)
17. Associação Mulheres na Comunicação
18. Beth Fernandes -psicóloga, presidente da Astral
19. Bruna Porto - filósofa e radialista
20. Carime Rossi Elias - Professora da Faculdade de Educação da UFG
21. Celidalva Sousa Bittencourt - membro LGBT PT nacional e conselheira Municipal de Saúde de Goiânia
22. Clarissa Machado de Azevedo - professora de Direito da UFT - advogada popular, membro da Comissão de Direitos Humanos/OAB
23. Claudia Nunes - cineasta e integrante da coordenação executiva do Comitê Goiano de Direitos Humanos Dom Tomás Balduino
24. Cláudio Carvalho Bento - sociólogo
25. Cláudio Lopes Maia - professor Universidade Federal de Goiás - Regional Catalão/UFCAT
26. Cleuton César Ripol de Freitas - professor da UFG/Regional Goiás, membro da Comissão de Direitos Humanos /OAB
27. Coletivo Liberdade
28. Comissão Dominicana de Justiça e Paz do Brasil
29. Comitê de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas em Goiás – CEETP – GO
30. Comitê Dom Tomás Balduino de Direitos Humanos do Estado de Goiás
31. Daniel Albuquerque de Abreu - advogado
32. Daniel Mendes da Silva - Secretário estadual LGBT PT Goiás
33. Dijaci David Oliveira - professor da faculdade de Ciências Sociais UFG
34. Divina Jordão - professora e radialista
35. Edma José Reis - professora da UFG /Regional Goiás
36. Edson Francisco de Melo - artista plástico
37. Eduardo De Matos - Movimento nacional da população em situação de rua em Goiás
38. Eduardo Mota - Psicólogo e Educador Social, Coordenador Estadual do MMMR-GO e Vice-Presidente do CEDCA-GO
39. Edwiges C. Carvalho Corrêa - Professora na Escola de Direito e Relações Internacionais PUC -GO
40. Egídio Alves da Silva - advogado, membro da Comissão de Direito da Diversidade Sexual da OAB-GO e membro da Comissão de Direitos Humanos da OAB-GO
41. Elaine Fernandes da Cunha Mesquita - psicóloga e membro do Coletivo Liberdade
42. Elias Menta Macedo - Advogado
43. Elizabeth Bicalho – Professora da PUC/GO
44. Festival Vaca Amarela 45. Fósforo Cultural
46. Frei José Fernandes Alves, OP - provincial dos frades dominicanos do Brasil
47. Geovanna Xavier de Souza, secretária geral do Psol
48. Geralda da Cunha Teixeira Ferraz - radialista, ativista dos Direitos Humanos e das mulheres
49. Gilles Gomes - advogado 3
50. Gláucia Maria Teodoro Reis - advogada, professora
51. Glória Madureira Faria - servidora pública
52. Grupo Zabriskie Teatro
53. Gustavo Sabino Alcântara Silva - Advogado
54. Gyzele Cristina Xavier Santos Souza- Perita Criminal e pesquisadora
55. Heitor Alarico Freitas - médico
56. Igor Escher Pires Martins - advogado do sindicato dos professores das universidades federais de Goiás
57. Irmã Guida Ludovico - Dominicana
58. Irmã Pietra
59. Irmã Sandra Ede-Dominicana-Presidente da CRB Regional Goiânia
60. Ivanilde Vieira Batista - Ativista da Educação Popular e Saúde
61. Izabel Teixeira Campos - Professora aposentada
62. Janaína Pires Barbosa - professora
63. Janete Nobre Sousa - Geógrafa e militante feminista
64. Jean Pierre Pierote - antropólogo
65. Jhoe Santos - Ativista Político, Militante LGBT do Entorno do DF
66. João Lucas - Produtor Cultural
67. José Eduardo da Silva - assistente social
68. Judith dos Santos Furquim - Secretaria Executiva e Contadora
69. Juliano vieira - ativista dos Direitos Humanos
70. Junia Rios Campelo - assistente social
71. Kainann Santana - secretário estadual de políticas públicas para a juventude da JPT/GO
72. Karoline dos Santos - feminista, publicitária - Partido dos Trabalhadores
73. Kátia Cecília Soares - pedagoga
74. Kátia Regina Neres Reis - assistente social, conselheira do CRESS, conselheira do Cedca, conselheira presidente do CAE, conselheira tutelar pela região oeste de Goiânia
75. Kelly Cristina Gonçalves - advogada, militante feminista
76. Kleyton Carneiro Caetano - advogado
77. Lana Luna Doula - Feminista Interseccional e Militante dos Direitos Sexuais e Reprodutivos das Mulheres.
78. Laura Rúbia Rezende Braga - Geógrafa, feminista
79. Laurenice Noleto Alves - jornalista, escritora, artesã licoreira e militante por Verdade, Memória e Justiça
80. Lindomar Lopes-Psicólogo
81. Liorcino Mendes, Advogado e Jornalista - Presidente do Conselho Estadual de Saúde.
82. Liza Santos - socióloga
83. Lúcia Rincon – diretora da UBM
84. Luiz Cláudio do Nascimento Cavalcante - Servidor Público Estadual, Diretor do Sindicato dos Jornalistas de Goiás
85. Madalena Patrício - Comitê DHDTB
86. Maianni Gontijo - jornalista
87. Maísa Lima - jornalista
88. Maísa Lima de Paiva, advogada e membro da Comissão de Direitos Humanos da OAB/GO
89. Marcelo Bancalero – blog Xeque-Mate-Noticias, Ativista – Blogueiro, Escritor e membro da AVLAH Academia Votorantinense de Letras,Artes e História 4 
90. Marcia P. Melo - professora da Rede Municipal de Educação de Goiânia, Secretária de Assuntos Educacionais e Culturais do Sintego e membro Fórum Goiano de EJA e Coletivo LGBT PT Goiás
91. Marco Aurélio de Oliveira - Oxumaré - Direitos Humanos de Negritude e Homossexualidade 92. Maria Aparecida Alves da Silva - psicóloga, administradora do blog Educar Sem Violência 93. Maria Aurora Neta - professora UEG, Campus São Luís de Montes Belos
94. Maria Cristina Moreira - ativista dos Direitos Humanos
95. Maria da Conceição Silva - professora
96. Maria de Lourdes Silva - advogada, servidora pública e membro da Comissão de Direitos Humanos da OAB
97. Maria Luiza Moura Oliveira - psicóloga, Observatório Latino-americano e caribenho sobre tráfico de pessoas
98. Maria Luzia Pascoal da Costa - Presidenta do acampamento Vitória
99. Maria Regina de Freitas Costa - professora
100. Maria Socorro de Deus - Professora da SME de Goiânia
101. Maria Tereza Canezin Guimaraes - Professora aposentada UFG e PUC
102. Marina Sant'Anna - advogada, ex-vereadora e deputada federal/PT
103. Mariza Moura Nascimento - Assistente social da Rede Municipal de Saúde Goiânia
104. Marysilva Ribeiro dos Santos - trabalhadora do Sindsaúde
105. Meriele Pereira Viana - advogada, membro da Comissão de Direitos Humanos/OAB
106. Messias Rodrigues Dos Santos - Executiva Psol Águas Lindas
107. Michaelson Ferreira Loiola - advogado, membro da Comissão de Direitos Humanos/OAB
108. Michele Cunha Franco - Programa de Pós-graduação de Direitos Humanos UFG
109. Michely Coutinho - servidora técnica da UFG, advogada
110. Mônica Barcellos Café - psicóloga, militante do Movimento de meninos e meninas de rua
111. Movimento de Meninos e Meninas de Rua de Goiás - MMMR-GO
112. Movimento dos Policiais Antifascismo
113. Movimento Nacional de População em Situação de Rua de Goiás- MNPR-GO
114. Natasha Gomes Moreira Abreu - advogada, membro da Comissão de Direitos Humanos da OAB/GO
115. Nelson Ferreira – advogado
116. Neusa Ramos da Costa - servidora pública
117. Núcleo de Estudos sobre Criminalidade e Violência (Necrivi/UFG)
118. Núcleo Interdisciplinar de Estudos e Pesquisas em Direitos Humanos (Ndh/UFG)
119. Paula da Cunha Jamardo Beiro - aposentada
120. Pedro Moraes Rezende - médico veterinário
121. Priscila Miranda de Sá - vice-presidente da Comissão da Diversidade Sexual da OAB/GO
122. Railda Martins - militante do MMMR-GO, Mestre em Educação
123. Raimundo Loiola Martins - cientista político
124. Rede Nacional de Advogados e Advogadas Populares (Renap/Go)
125. Rede Um Grito pela Vida
126. Renata da Cunha Jamardo Beiro - ativista dos Direitos Humanos 
127. RENOSP - LGBT /Rede nacional de operadores de segurança pública LGBTIs
128. Romerson Alves de Jesus - ativista dos Direitos Humanos
129. Ronie Barbosa Vieira - Movimento Moradia
130. Rosangela Araújo Silva Nunes - Pedagoga SME Goiânia




1 Notícia veiculada no Jornal O popular no dia 22/08/2018. Disponível no site: https://www.opopular.com.br/editorias/politica/prf-abre-procedimento-por-imoralidade-contracandidato-ao-senado-que-denuncia-persegui%C3%A7%C3%A3o-1.1601213%202 








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Não sou pago pelo PT

Quem me ajuda são pessoas simples, como eu e você que querem o retrocesso longe daqui.

Obrigado pela ajuda e compreensão...

Conto com vocês, só tenho vocês e a ajuda de Deus!




Lutamos para impedir este golpe de hoje lá atrás, no início do mentirão.. Porém, mesmo eu tentando mostrar 
que o que o PT sofre hj.... foi por conta de cruzarem os braços quando podiam ter nos ajudado a não terem 
permitido plantar a semente do golpe la atrás no mentirão 

Teriam impedido o golpe e o sofrimento dos companheiros como meu amigo Pizzolato.

Mas ainda há esperanças, se nossa militância e partido se derem ao trabalho de ler o que escrevemos em 2012,
 2013...Eles concordarão que tudo foi anunciado por nós, ainda lá...a covardia e conveniências deixaram crescer
 os "monstros" que temos hoje...Não fizemos profecia apenas, anunciamos à tempo o que iria acontecer..
.Pagamos e estamos pagando o preço...os covardes e omissos, agora também começam a pagar.
É muito triste! Até porque a perspectiva de futuro??? É de pouca esperança....Porém, só nos resta continuar 
na luta, aliás nos nascemos e sobrevivemos lutando. Um dia, os raivosos, cometerão os erros próprio da 
soberba e prepotência, a história, então será recontada pela coerência da verdade. Que Deus continue nos
 protegendo e nos ampare nesse trabalho de JUSTIÇA e VERDADE!



#PizzolatoInocente



Saiba mais porque isso pode acabar com o golpe de hoje nos links abaixo;

: AP 470, Henrique Pizzolato, Inquérito 2474, Joaquim Barbosa, Laudo 2828, mensalão, mentira, Visanet



Comp@s preciso de 4000 horas de visualização nos meu vídeos para poder monetizar e ganhar
algum dim dim para me manter na luta

Quem puder dar uma força assistindo aos vídeos ..Falta pouco

Horas de exibição nos últimos 12 meses

3.594
4.000 necessárias para análise
Inscritos
1.534
1.000 necessários para análise

Play all 22 vídeos Eliminando a Raiz do Golpe #STFtambémErra

https://www.youtube.com/playlist?list=PLM0ooL8agMam1xXA4coxdmApCuf6NKokj

Queridos comp@s obrigado por unir-se a nós nesta luta que será um marco na derrubada deste golpe...

Na verdade a luta é antiga... Ela iniciou-se antes do golpe ser deferido, e poderia ter impedido seu
acontecimento,,
se tivéssemos sido ouvidos outrora. Porém, como compreendemos que agora é a hora de retornarmos
com força total, chamamos a nata de nossos guerreiros, o melhor de nossa força digital para formar uma
nova frente de combate ao golpe, desferindo golpes lá em sua raiz. Pois só assim poderemos derrubá-lo.

Estes vídeos bem como os links que temos de documentos da AP 470, são a prova que será utilizada na
revisão do processo que condenou injustamente o comp@ Pizzolato, dando condições para poderem prender
os demais comp@s do PT no fatídico Mentirão da AP 470

São ações importantes que serão nossa base de dados para viralizar na rede, na a verdade coisas que já
 havíamos postado, porém, hj se fazem necessárias. O importante é mostrar a todos a relevância de que
 provando a inocência de Pizzolato, tornamos mais difícil para que o STF se mantenha amedrontado no
 caso Lula

Abaixo nosso comp@ Pizzolato��

Boa tarde, amigos! Sou o Pizzolato. Quero agradecer muito a força e apoio de vocês. Tô em Bsb, com muitas
 restrições e monitoramento da "injustiça". Tô em liberdade condicional, mesmo sabendo que a Globo e cia,
me querem de volta às grades...
A gente conseguiu sobreviver e continuamos na luta, sempre acreditando que não há mentira que dure
pra sempre!

Como diziam os "partigiani na Itália (os que lutavam contra o facismo), ainda estamos vivos e nossos sonhos
e ideais, mais vivos ainda! Abraços a todos, ao Marcelo - sempre na luta - e obrigado! Eventualmente aparecerei,
 no limite das minhas
 restrições imposta pela "injustiças" , mas sempre acreditando na VERDADE E NA JUSTIÇA.

#PizzolatoInocente PRA MATAR O GOLPE NA RAIZ ASSINE A PETIÇÃO pela absolvição de Pizzolato


Os documentos que aparecem nos vídeos podem ser acessados aqui, PS No link apareceram vídeos
que foram retirados do Canal que foi denunciado pela Globo e Aécio...
Mas estou postando novamente para todos terem acesso

https://xeque-mate-noticias.blogspot.com.br/p/videos-sobre-…

Aqui as edições da Revista Retratos do Brasil que esmigalhavam a acusação...
https://www.slideshare.net/MarceloBancalero

Outras bibliotecas que contém farto material

https://www.slideshare.net/MarceloBancalero

https://pt.scribd.com/user/28982917/Marcelo-Bancalero

https://issuu.com/marcelobancalero



A luta agora é para matar este golpe lá na sua raiz... O MENTIRÃO da AP 470

Não tem outro meio!

Desde aquele tempo ele começou com supremo com tudo...

O único modo de acabar com o golpe é começar onde o supremo começou a participar do golpe..

Obrigando através de pressão popular e as provas que temos e foram indeferidas monocraticamente
pelo Joaquim Barbosa, pois comprovariam a inocência de Henrique Pizzolato.

Sem Pizzolato não tem dinheiro público...

Sem dinheiro público não tem mensalão

Se conseguirmos anular esta condenação absurda, faremos com a exposição do calcanhar
de Aquiles do supremo, o impeça de cometer outros absurdos, como, condenação de mais
 inocentes para dar base ao golpe... Um deles, o próprio Lula.

Entre no grupo Solidários a Pizzolato, viralizem os links da publicação afixada, convide seus contatos.
 Vamos fazer o que for possível com nossas armas digitais, bandeiras e até no boca a boca em nossas
comunidades e família...

Antes que sejamos obrigados a ir para as ruas com outras armas.



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domingo, 19 de agosto de 2018

Jornalistas Livres também entenderam que o golpe começou a muito tempo...Quando corrigiremos as aberrações do Mensalão?

A cada dia de golpe fica mais evidente que suas raízes são profundas.... E a cada dia mais  pessoas se unem ``A nossa luta antiga contra as mentiras da AP 470... Jornalistas Livres cooperam trazendo artigo do Cafézinho que tanto nos ajudo naquela época...
É preciso entender que sem mensalão não teríamos este golpe...
E sem a injusta incriminação de Pizzolato, não teríamos o mensalão
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Ajude-nos a cortar o o mal pela rais
E a raiz do golpe foi no Mentirão da AP 470
#PizzolatoInocente
#LulaLvre

Miguel do Rosário, O Cafezinho, previu em 2013 
tudo o que se seguiria às ilegalidades 
da Ação Penal 470



Reproduzimos a matéria “O papel da mídia” de Miguel do Rosário, de O Cafezinho, com introdução de César Locatelli, dos Jornalistas Livres.

Introdução

Passados alguns anos é hora de rever e corrigir as aberrações paridas pelo Supremo Tribunal Federal e pela Procuradoria Geral da República na Ação Penal 470, que ficou conhecida como “Mensalão”. Não há mais dúvidas que esse julgamento abriu a porteira para as ilegalidades e arbitrariedades cometidas no Brasil nesse último período. Da mesma forma, não hesitamos em atribuir categórico protagonismo às redes de televisão, rádios, jornais e revistas da mídia conservadora na ruptura democrática por qual passa o país.

Comecemos pelo papel do sistema de justiça brasileiro.

Não podemos mais dizer que o país vive em um Estado Democrático de Direito, se é que podemos dizer que um dia nele vivemos, dada a ausência de direitos que desde sempre aflige os pobres e os negros. A diferença é que, desde o Mensalão, os adversários políticos escolhidos pelas elites brasileiras passaram também a não ter direitos. São inúmeras as evidências de que a lei e a Constituição nunca regularam a convivência social e, agora, não mais regulam a convivência política.

Relembremos a imaginosa versão dos fatos cantada em prosa e verso pelos meios de comunicação tradicionais brasileiros e aceita pelos ministros do STF:

Henrique Pizzolato, na função de diretor de marketing do Banco do Brasil, desviou cerca de 74 milhões de reais do banco para a agência de publicidade DNA, de Marcos Valério. Pizzolato recebeu cerca de 300 mil reais desse montante e comprou um apartamento. Parte do dinheiro foi distribuído mensalmente a políticos, como os deputados do PTB capitaneados por Roberto Jefferson. Parte dos recursos foram para o PT via empréstimos falsos firmados com o Banco Rural. A estratégia elaborada por José Dirceu e outros membros do governo Lula tinha como objetivo comprar o apoio a projetos do governo como a reforma da Previdência. Delúbio Soares cuidava dos aspectos operacionais do esquema. O Supremo Tribunal Federal (STF), que tinha Joaquim Barbosa na função de relator do processo e presidente da casa, condenou cerca de 38 pessoas envolvidas com o que se apelidou de Mensalão.

Assim é a versão dos fatos que está impregnada nas pessoas por todos os cantos do Brasil.

A tragédia é que, nesse curto parágrafo acima, há 7 erros crassos cometidos pelo STF.

1 Não havia dinheiro público

Os 74 milhões não eram do Banco do Brasil, uma empresa pública, mas da Visanet, uma empresa privada. Se não há dinheiro público, não há peculato, ou seja, não há apropriação de dinheiro ou bens públicos por funcionário publico. A fantástica história teria morrido no nascedouro se os ministros do STF tivessem acatado esse fato.

2 O diretor de marketing do Banco do Brasil não tinha gestão sobre os recursos

O acordo do Banco do Brasil com a Visanet era que o banco determinava onde queria que os recursos fossem aplicados. A gestão financeira e a relação com as agências de propaganda eram de responsabilidade da Visanet. O banco sequer tinha contrato com a agência de publicidade. A agência de publicidade tinha que prestar contas à Visanet. No entanto, se inocentassem Henrique Pizzolato o caso todo desmoronaria.

3 O dinheiro não foi desviado

Há notas fiscais e documentos de transferência que comprovam que os 74 milhões foram efetivamente usados na promoção do cartão Ourocard Visa. Os recursos foram usados para patrocinar torneios de tênis, vôlei de praia, anúncios em aeroportos e muitos outros eventos de marketing. Foram feitos pagamentos inclusive para a TV Globo por campanhas de Dia dos Pais, Dia da Crianças e Natal. As comprovações de que não houve desvio dos 74 milhões foram, simplesmente, desconsideradas.

4 Pizzolato tinha dinheiro declarado para comprar seu apartamento

O exame do imposto de renda de Pizzolato não comprovou que os recursos, que o STF concluiu terem sido sua parte no desvio, foram usados na compra do apartamento. Pizzolato tinha poupado, ao longo de 20 anos de trabalho, um montante suficiente para a compra do apartamento.

5 Nada foi comprovado contra José Dirceu

Embora fossem quebrados os sigilos telefônico e bancário de José Dirceu, acusado de chefe do esquema, nada foi encontrado. Mesmo assim, ele foi condenado com base na teoria do domínio do fato: pelo alto cargo que ocupava no governo e no PT “era evidente” que José Dirceu tinha participação no desvio. A ministra Rosa Weber lançou mão da seguinte pérola ao condená-lo: “Não tenho prova cabal contra Dirceu – mas vou condená-lo porque a literatura jurídica me permite”.

6 Não houve mensalão, não houve pagamentos mensais a congressistas

A tímida reforma da Previdência feita durante o governo Lula contou com apoio dos políticos conservadores do Congresso que, embora fizessem oposição forte ao presidente, apoiaram a reforma. Além dessa evidência, o processo não comprova a tese de pagamentos mensais (mensalão) a congressistas.

7 Os empréstimos do Banco Rural ao PT não eram falsos

O Partido dos Trabalhadores pagou os empréstimos que tomou junto ao Banco Rural.

Reproduzimos aqui a excelente matéria escrita por Miguel do Rosário, do blog O Cafezinho, publicada em 7 de junho de 2013.

A conspiração

O papel da mídia

Uma das virtudes fundamentais no espírito de um jornalista é a ojeriza a teorias de conspiração. É uma virtude, no entanto, que beira um vício, porque o mesmo pensamento racional, a mesma objetividade, que nos aconselha a manter distância de discursos paranoicos e teorias de conspiração, nos obriga a aceitá-los quando estamos diante de documentos e provas irrefutáveis.

A divulgação de milhares de documentos secretos da diplomacia norte-americana, pelo Wikileaks, consistiu, por exemplo, numa inesquecível vitória moral para milhares de pessoas que acusavam, há décadas, os EUA de promoverem golpes de Estado em países do terceiro mundo. Na época, um divertido argumento fez sucesso nas redes sociais: “sabe aqueles malucos que viviam culpando a CIA por tudo? Estavam certos.”

A bem da verdade, não foi apenas o Wikileaks. Algumas leis que obrigam a divulgação de documentos do governo americano com mais de trinta ou quarenta anos, também ajudaram.

Mas ser jornalista não é dizer a verdade. Essa é a função, talvez, de filósofos. Jornalistas divulgam documentos e fatos concretos, e a verdade que buscam é apenas aquela que podem comprovar com base neles. O uso da lógica, porém, não é vetado aos jornalistas. Nem a imaginação, desde que usada com parcimônia.

No processo do mensalão, todavia, a imaginação se tornou a virtude fundamental do jornalismo político. Reportagens, colunas, análises, passaram a se descolar cada vez mais de qualquer prurido factual e inaugurou-se uma nova era quase psicodélica na imprensa brasileira. Teorias eram montadas e desmontadas sem qualquer escrúpulo. O fato de inúmeras denúncias serem desmentidas no dia seguinte não tinha mais importância. Um clima de total liberdade de expressão enfim se instalara nas redações nacionais.

Quando os historiadores se debruçarem, daqui a alguns anos, sobre o mensalão, o tradicional rigor acadêmico possivelmente lhes obrigue a dividir o tema em várias seções: política, midiática, partidária, jurídica.

Em meu modesto esforço para escrever sobre um caso ainda em curso, e portanto ainda influenciado pelo clima barra pesada, sufocante, de tribunal, eu vou tateando em todas as áreas, mas a corda que uso para não cair são documentos. Por isso tenho sido repetitivo quanto ao caso Pizzolato. É que me parece o caso mais surreal, kafkiano e… documentado. A sua inocência é documentada.

Se a grande mídia fizesse uma ampla reportagem sobre os erros na condenação de Pizzolato, mostrando os documentos, apresentando-os a juristas conceituados e pedindo sua opinião, testemunharíamos uma sumária desmoralização da Ação Penal 470. Aliás nota-se hoje um barulhentíssimo silêncio nos grandes jornais e nas redes de TV sobre o debate tão aceso nas redes sociais e blogs, sobre os erros do STF. A ruptura da mídia com a sociedade se tornou completa. O artigo da Inês Nassif, por exemplo, abordando a suja história do Laudo 2828, que inocenta Pizzolato, tornou-se imediatamente o mais lido em todos os principais blogs políticos no país, mas o assunto é virtualmente proibido na grande imprensa. A mesma coisa vale para o erro crasso de Barbosa quanto a data da morte de José Martinez.

A nossa presidenta gosta de repetir o clichê supostamente pró-democrático, sobre preferir o barulho da imprensa ao silêncio da ditadura. É uma frase bonita, mas a verdade é que o único barulho que a imprensa quer ouvir, no caso do mensalão, é o da tampa de um caixão se fechando. A nossa mídia não é boba. O espaço à divergência se dá apenas em questões não estratégicas. E o mensalão é um assunto absolutamente estratégico para os grandes grupos de mídia, que se tornaram, assumidamente, o grande partido do conservadorismo brasileiro.

Entretanto, mesmo durante o julgamento, quando o assunto ocupava, diariamente, várias páginas de jornal, e hegemonizava o noticiário televisivo, havia muitos mais fogos de artifício do que conteúdo. Não havia um debate sério sobre o tema. O tal “barulho da imprensa”, tão ao gosto da nossa chefe de Estado, era apenas um rufar histérico dos tambores da oposição. Os réus, porém, não eram só aqueles perfilados na denúncia da Ação Penal 470, mas toda a sociedade, incluindo os elementos raivosos que pagavam anúncios no Facebook para promover páginas repletas de indizível rancor. Todos são vítimas do maior processo de manipulação da informação de que temos notícia.

O mensalão foi o canto do cisne da grande mídia brasileira. O escândalo é deflagrado exatamente no momento em que a internet ainda não havia sido “apropriada” pela sociedade. Os únicos blogs políticos estavam em mãos da grande mídia de oposição: Noblat e Reinaldo Azevedo. A imensa ágora pública, caótica e democrática em que se tornou a internet brasileira não havia se constituído nos anos de 2005 e 2006. A imprensa reinava sozinha. Se hoje ela ainda tem um poder descomunal para influenciar o espírito nacional, naquela época esse poder era quase absoluto.

Uma das seções mais importantes no estudo do processo do mensalão, portanto, é o papel da mídia. É um papel que ainda está sendo desempenhado. Hoje, sexta-feira 07 de junho, uma notícia deixou inteiramente perplexa a grande nação de internautas: o único jornalista convidado pelo ministro Luiz Fux para dar uma “aula pública” aos ministros do STF sobre financiamento de campanha será Merval Pereira, colunista e membro do conselho editorial do jornal O Globo.

A promiscuidade entre a grande mídia, em particular a Rede Globo, e o STF, parece não encontrar limites. Até mesmo os juízes mais resistentes à pressão da mídia, como Lewandowski, ligavam para Merval, no dia seguinte a sessões, para “explicar” seus votos. Joaquim Barbosa, por sua vez, liga regularmente para Merval para justificar seus destemperos.

E Ayres Britto escreveu o prefácio do livro de Merval Pereira sobre o mensalão enquanto ainda era presidente do Supremo Tribunal Federal (STF)!

Se a mídia é um poder terrível em qualquer parte do mundo, uma concentração absoluta numa só empresa empresta-lhe um ar perigosamente antidemocrático.

A maior parte da “pressão social” alardeada pela grande mídia, e usada pelos próprios ministros do STF como justificativa para a incrível criatividade com que se portaram no julgamento da Ação Penal 470, a ponto de ser qualificado, de maneira promissoramente corajosa pelo mais novo ministro, Luís Roberto Barroso, de “um ponto fora da curva”, veio da Rede Globo. Com toda certeza, os ministros se portavam no tribunal com um olho não na população brasileira, não na História, mas em como seriam caricaturizados no Globo no dia seguinte. As notinhas de Ancelmo Gois sobre Joaquim Barbosa, alardeando sessões de aplauso no metrô de Ipanema e shows da Marisa Monte, e mencionando, orgulhosamente, a criação de um site para lançar sua candidatura presidencial, parecem ter surtido um efeito narcótico poderoso no espírito de todos os juízes. Da mesma maneira, a mídia incitava agressões verbais ou mesmo físicas contra Lewandowvki, único ministro que ousou se contrapor, e mesmo assim timidamente, à agressividade inacreditável do relator.

No início do texto, eu falava na ojeriza a teorias de conspiração como importante virtude jornalística. Mencionei também que esta virtude pode se tornar um vício se nos recusamos, mesmo diante de evidências, em aceitar a existência de uma conspiração. O que vimos no processo do mensalão nos traz esse dilema. Todos os fatos, documentos, ações, discursos e posturas, apontam para uma conspirata política. Uma conspirata da qual participaram os dois procuradores gerais da república, Joaquim Barbosa, a oposição, a mídia. O próprio governo, vergado, intimidado, aterrorizado com a possibilidade de um golpe, talvez tenha pactuado, em parte, com tudo isso, sacrificando seus próprios companheiros em prol da sobrevivência. Enfim, estamos diante de um jogo político extremamente barra-pesada.

Mesmo com evidências, porém, este é um terreno que devemos trilhar com cuidado. Não podemos largar a corda que nos impede de cair no abismo. O mensalão ainda é uma história cheia de segredos, desagradáveis para todos os lados. É um processo e um julgamento ainda em curso. No próximo capítulo, faremos algumas incursões na seara propriamente política da nossa história, comentando seus desdobramentos presentes e futuros.


Notas

1 Para ler os outros textos de Miguel do Rosário, em O Cafezinho:
Prefácio: Mensalão, a história de uma farsa
Capítulo 1: Acusações contra Pizzolato lembram Dreyfus e Kafka
Capítulo 2: O caso Visanet
Capítulo 3: As bombas lá fora
Capítulo 4: Tirem as crianças da sala
Capítulo 5: As bombas aqui dentro
Capítulo 6: A história não anda de avião
Capítulo 7: O julgamento do povo
Capítulo 8: O maior fiasco da história
Capítulo 9O papel da mídia
2 Essa matéria recebeu o selo 018-2018 do Observatório do Judiciário.
3 Para ler outras matérias do Observatório do Judiciário:
https://jornalistaslivres.org/categoria/observatorio-do-judiciario



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 Queridos comp@s obrigado por unir-se a nós nesta luta que será um marco na derrubada deste golpe... Na verdade a luta é antiga... Ela iniciou-se antes do golpe ser deferido, e poderia ter impedido seu acontecimento,, se tivéssemos sido ouvidos outrora. Porém, como compreendemos que agora é a hora de retornarmos com força total, chamamos a nata de nossos guerreiros, o melhor de nossa força digital para formar uma nova frente de combate ao golpe, desferindo golpes lá em sua raiz. Pois só assim poderemos derrubá-lo. Estes vídeos bem como os links que temos de documentos da AP 470, são a prova que será utilizada na revisão do processo que condenou injustamente o comp@ Pizzolato, dando condições para poderem prender os demais comp@s do PT no fatídico Mentirão da AP 470 São ações importantes que serão nossa base de dados para viralizar na rede, na a verdade coisas que já havíamos postado, porém, hj se fazem necessárias. O importante é mostrar a todos a relevância de que provando a inocência de Pizzolato, tornamos mais difícil para que o STF se mantenha amedrontado no caso Lula Abaixo nosso comp@ Pizzolato👇 Boa tarde, amigos! Sou o Pizzolato. Quero agradecer muito a força e apoio de vocês. Tô em Bsb, com muitas restrições e monitoramento da "injustiça". Tô em liberdade condicional, mesmo sabendo que a Globo e cia, me querem de volta às grades... A gente conseguiu sobreviver e continuamos na luta, sempre acreditando que não há mentira que dure pra sempre! Como diziam os "partigiani na Itália (os que lutavam contra o facismo), ainda estamos vivos e nossos sonhos e ideais, mais vivos ainda! Abraços a todos, ao Marcelo - sempre na luta - e obrigado! Eventualmente aparecerei, no limite das minhas restrições imposta pela "injustiças" , mas sempre acreditando na VERDADE E NA JUSTIÇA. #PizzolatoInocente PRA MATAR O GOLPE NA RAIZ ASSINE A PETIÇÃO pela absolvição de Pizzolato
 Os documentos que aparecem nos vídeos podem ser acessados aqui, PS No link apareceram vídeos que foram retirados do Canal que foi denunciado pela Globo e Aécio... Mas estou postando novamente para todos terem acesso

Outras bibliotecas que contém farto material https://www.slideshare.net/MarceloBancalero https://pt.scribd.com/user/28982917/Marcelo-Bancalero : https://issuu.com/marcelobancalero

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