Antes uma reflexão de Wilson Azevedo relevante na costura dos fatos e facilitar o entendimento.
por Wilson Azevedo
SOBRE A MORTE DA VEREADORA MARIELLE FRANCO E A NOVA ORDEM QUE O PCC QUER INSTALAR NO RIO
Foi o Nassif quem me chamou a atencao para informacoes que eu nao tinha acerca do passado politico de Temer: a Seguranca Publica foi a area a partir da qual ele subiu da serie D para a serie C no campeonato das liderancas politicas paulistas.
Temer foi secretario de seguranca publica por 2 vezes. E nas duas ocasioes se notabilizou por obter o que Nassif chamou de "pax paulista": acordos com a cupula das organizacoes criminosas que resultaram em reducao de indices de criminalidade, primeiro com os bicheiros paulistas, depois com o PCC.
A partir desta informacao a movimentacao de Temer na area de seguranca, especialmente com a intervencao no Rio, ganhou outro sentido: tudo indica que Temer botou o exercito brasileiro para trabalhar para o PCC, perseguindo ate' anular os grupos cariocas para que os paulistas dominem o trafico no Rio.
Foi o Beltrame, secretario de seguranca responsavel pela implantacao das UPPs, que apontou a diferenca de modelo de negocio entre o PCC e os grupos que disputam o trafico no Rio: o PCC usa inteligencia empresarial. Organiza-se de forma a minimizar custos e maximizar lucros.
Traficante carioca e' sobretudo um exibicionista, um esbanjador. Gasta muito. Nao apenas exibe sua riqueza pessoal: organiza seu negocio de forma exibicionista, com um pequeno exercito armado circulando e exibindo fuzis e armas automaticas. Disputam territorio uns contra os outros. Sustentam um caro sistema de corrupcao policial, um esquema caro de pagamento de propina no varejo para grupos de policiais, batalhoes, gente demais pra ser sustentada no meio das forças de combate ao trafico.
O PCC encontrou e aplica outra forma de neutralizacao das forças de combate: faz acordos por cima, diretamente com o governo. A tal "pax paulista" a que Nassif se refere foi obtida assim: o governo do estado faz a sua parte e nao interfere nos negocios do PCC, deixa o PCC livre para traficar; e o PCC faz a parte dele operando um sistema judicial paralelo onde a pena de morte e' amplamente aplicada a criminosos pe'-de-chinelo que perturbem os negocios roubando, estuprando ou matando nas regioes controladas pelo PCC.
Os indices de criminalidade caem na medida em que, sem sofrer a menor ameaca de combate, o PCC amplia seus negocios.
Foi assim que em 12 anos o PCC avancou, cresceu e se tornou a maior organizacao criminosa do pais. Espalhou-se pelos estados da federacao, nacionalizou-se. Internacionalizou-se ao assumir o controle do atacado no Paraguai, numa operacao de impressionante poderio belico realizada na fronteira com o Brasil.
O Rio e' um objetivo estrategico para o PCC. Para conquista'-lo o PCC precisaria lutar contra 3 ou 4 grupos para ir eliminando um por um. Mas o custo disto seria elevado demais. Como minimizar o custo disto?
E' ai' que entram Temer e Alexandre Morais, hoje ministro do STF, ex-secretario de Seguranca Publica de SP e advogado do PCC.
A operacao no Rio poe o exercito para fazer, sem custo para o PCC, o que o PCC precisa para assumir o controle do trafico na cidade e implantar o mesmo sistema paralelo de justica que desenvolveu e aperfeicoou nos ultimos 12 anos em SP.
Um modelo para o resto do pais, como ja' pontuou o general interventor.
Recentemente assisti numa maratona de episodios, as duas temporadas da serie Narcos, da Netflix, que tratam de Pablo Escobar. A maior parte sao fatos reais, novelizados, mas que efetivamente aconteceram. E estes fatos mostram a diferenca de modelo de atuacao dos carteis de Medellin e Cali.
Escobar e o cartel de Medellin perderam a guerra. Cali passou a dominar o mais lucrativo e mais importante mercado de consumo de cocaina do mundo: o norte-americano. Ninguem cheira mais cocaina que americano em todo o planeta. E eles dominam este mercado hoje porque aplicaram outra logica a seus negocios. Desde o inicio se organizaram de forma empresarial corrompendo mais por alto, enquanto Escobar seguia um modelo similar ao dos traficantes cariocas, muito caro, com muitos "sicarios" contratados, muitos policiais na folha de pagamento pra sustentar. Exibicionista, depois de se tornar o homem mais rico do seu pais, tentou seguir carreira politica tendo como alvo conquistar a presidencia da republica.
Perdeu a guerra. Cali o superou e hoje ele e' apenas historia.
Estamos nesta altura da historia assistindo a um daqueles momentos que se tornam um marco, uma mudanca significativa nas relacoes entre crime e Estado no pais. O padrao PCC se espalha e se impoe, contando para isto com apoio de politicos que chegaram ao poder por meio de um golpe, que invadiram o palacio do planalto pela janela do impeachment.
Neste cenario, parece-me mais provavel que o exercito prossiga o trabalho para o qual foi chamado: limpar o caminho para o PCC dominar o Rio.
Isto inclui perseguir ate' anular tudo aquilo que atrapalha um esquema como o do PCC. Policiais achacadores e milicianos, por exemplo.
Por isto aposto num rapido desfecho para o tragico assassinato da vereadora do PSOL ocorrido na noite de ontem.
Aposto que em pouco tempo os responsveis serao presos, alguns talvez mortos em "auto de resistencia". E' muito ruim para os negocios do PCC o tipo de acao que resulta na morte de militantes de causas sociais que chamam por demais a atencao da sociedade. O PCC nao gosta de rasgar dinheiro e por isto nao gosta deste tipo de acao.
Na nova ordem que o PCC quer implantar no Rio policiais achacadores de traficantes e milicianos nao tem lugar.
https://www.facebook.com/wilsonazevedo.br/posts/10156356600461812
Xadrez e o fator detonador com Marielle, por Luis Nassif
Peça 1 – como semear ódio e colher assassinato
Seja quem forem os responsáveis diretos pelo assassinato de Marielle, entra-se em novo patamar da dissolução do Estado brasileiro.
Etapa 1 – plantando o ódio
Os anos sucessivos, começando antes do “mensalão”, das matérias diuturnas plantando e irrigando o ódio irracional contra o governo Lula, com factoides sobre venezuelização, cubanização, tapiocas e outros recursos conhecidos, o que passou a ser chamado, agora, de fakenews.
Alimentamos o antipetismo, Lula perde as eleições e tudo volta ao normal.
Etapa 2 – o “mensalão”
A entrada no jogo da Procuradoria Geral da República (PGR) e do Supremo Tribunal Federal (STF) como agentes políticos, montando a tese da “organização criminosa” em cima de uma fraude: o suposto desvio de recursos da Visanet, que jamais ocorreu.
Como alertamos na época, tinha-se, descoberto, ali, a fórmula da desestabilização política do PT. Dilma e o PT descobriram essa novidade, alguns meses após o impeachment. O pacto democrático da Constituição de 1988 começa a ruir. O desfecho é adiado pelo desempenho imprevisto de Lula na crise econômica global de 2008.
Etapa 3 – a Lava Jato
O aparato repressivo retoma o protagonismo, alimentado pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos, e todos os pecados são perdoados, desde que contra o inimigo correto. Nessa etapa, todos os princípios civilizatórios, de direitos individuais, de respeito aos ritos processuais, tudo vai por água abaixo, mas ainda contra alvos definidos. Sem problema. Como declarou o Ministro Luís Roberto Barroso, há a necessidade de medidas de exceção para situações de exceção.
Mas depois que Lula e o PT forem anulados, tudo volta ao normal.
Etapa 4 – o impeachment e o pós
O clima de ódio é potencializado e há um liberou geral no Judiciário, Ministério Público Federal e Polícia Federal. Inaugura-se um vale-tudo em que todos os abusos são permitidos e todos os oposicionistas se sentem ameaçados. Qualquer promotor, delegado ou juiz de 1ª instância se vê com autoridade para ordenar conduções coercitivas, prisões temporárias.
Os piores sentimentos vêm à tona, as demonstrações mais estapafúrdias de ignorância boiam que nem dejetos no esgoto. E ainda não se está falando em Bolsonaro e companhia, mas na promotora de Campinas que se declarou “indignada” com um seminário sobre maconha e denunciou o cientista consagrado. Simples assim: sentiu-se indignada e do alto da sua ignorância, fez valer sua autoridade. Ou a juíza e a delegada que levaram o reitor ao suicídio. Ou os bravos desembargadores do TRF4, aparentados com os sobrinhos do Pato Donald, aqueles que tinham tanta afinidade que um completava a fala do outro. A mídia não poderia condenar os abusos, até escondeu o episódio chocante do suicídio do reitor, porque poderia enfraquecer a maratona pela condenação de Lua.
Mas depois que Lula for condenado, tudo volta ao normal.
Etapa 5 – o assassinato de Marielle
E aqui se ingressa em um fator detonador, independentemente de quem seja os responsáveis diretos, se as milícias da PM ou milícias de ultra-direita. Por fator detonador se considere os tiros com que Gravilo Princip executou o arquiduque Francisco Fernando, levando à Primeira Guerra; a morte de Walther Rathenau, que desmontou a Republica de Weimar; a morte de João Pessoa que detonou a Revolução de 30 e a do Major Rubem Vaz, que levou ao suicídio de Vargas. Ou, ainda, a morte do estudante Edson Luis que expôs a violência que já vinha sendo praticada pela ditadura e inaugurou a nova etapa da repressão..
Peça 2 – o processo de desmanche
Quando se disseminou a repressão, no período do impeachment, gênios jornalísticos minimizavam: é muito diferente da ditadura, que matava e torturava pessoas. Era óbvio que aquele momento representava, como num filme, o período 1964-1968, que precedeu o AI-5. Não se preocuparam com os alertas que mostravam a lógica que sucedia períodos de tolerância com o arbítrio e o ódio. A Noite de São Bartolomeu passou a ser praticada em etapas.
Em 1963 nasceu o Comando de Caça aos Comunistas (CCC), no bojo da campanha de ódio alimentada pela mídia. Depois de 1968, eles se limitavam a quebrar teatros e espancar artistas e estudantes. Nos porões, torturavam-se e matavam-se pessoas. E militares planejavam atentados de grandes extensões. Todos esses processos nasceram da mesma árvore do ódio plantado.
Tempos atrás fui a uma pacata cidade do interior. Lá, em conversas familiares, um jovem casal, de família temente a Deus, sem histórico de violência, falava da sua vontade de ver Lula morto. A campanha sistemática de ódio, a irracionalidade plantada em suas cabeças, faziam-nos, pessoas incapazes de fazer mal a um bicho, entender como natural – e necessária – a morte de uma pessoa! A mídia conseguiu naturalizar o ódio no Brasil.
Hoje em dia, é um sentimento generalizado, que se espalha por todas as regiões do país e que, até agora, tinha em Bolsonaro e sua tropa sua mais grotesca expressão. Com a execução de Marielle entra-se em uma nova etapa na qual a doença social plantada pela mídia poderá resultar em loucuras maiores do que discursos de ódio nas redes sociais, tempos de terremotos e furacões, que podem preceder a entrega do poder a Bolsonaro e sua “bancada da metralhadora”. Ele, aliás, evitou comentar a tragédia de Marielle, para não expor o que pensa.
E quem vai segurar essa onda? A indignação retardatária da velha mídia? Certamente não a PGR Raquel Dodge, uma burocrata "apparatchik", subproduto da corporação, sem qualquer brilho ou luz própria, só frases obvias, ultra burocráticas "mandei instalar um procedimento em meu gabinete”.
Personalidades opacas e sem qualquer brilho no STF, na PGR, no Senado, uma organização barra-pesada no Executivo. E completa-se o mapa com os últimos dados econômicos, a queda geral do nível de atividade do setor de serviços em relação a qualquer período do ano passado, desmontando definitivamente a fábula da recuperação irresponsavelmente vendida por Henrique Meirelles e endossada pela Globo.
Tudo isso com as eleições a caminho. Mas não tem problema.
O Lula vai preso, o PT perde e tudo volta ao normal.
Por um tempo acreditei que a perspectiva do desastre promovia a volta à racionalidade. De 2005 – quando a mídia iniciou essa loucura – para cá, todas as esperanças de uma saída racional foram jogadas fora.
Queridos comp@s Conheça meu trabalho em http://xeque-mate-noticias.blogspot.com.br/2015/09/vistaessacamisa-pela-democracia-e.html Meu trabalho é voluntário e para que ele continue dependo dos meus comp@s colaboradores para isso. Comp@ ... Como mudei para o RJ, e perdi meus documentos e meu cartão da Caixa, não tem como sacar as doações para o blog na conta antiga, e ainda não tenho como abrir uma nova... Assim, estarei utilizando a conta do meu comp@ que divide o aluguel e despesas comigo por aqui para receber a ajuda dos colaboradores desta minha luta. Graças a anjos petralhas que tem me dado auxílio aqui desde minha chegada, não precisei pedir ajuda, mas não quero ser pesado a alguns, e logo, não precisarei incomodar mais ninguém. Quem puder participar com qualquer quantia, mesmo R$5,00 que pode ser depositado pela lotérica, tem um grande valor para minha alimentação e moradia e para que eu continue nesta luta pela democracia e justiça social, Lutando dia e noite contra os ataques dessa mídia Agência 2955 Operação 023 Conta 00006779-0 RUBENS APARECIDO DE ALMEIDA CPF 89144589891 Criei uma parceria com a Magazine Luíza e criei a loja virtual Magazine do Xeque-Mate . Agradeço desde já https://www.magazinevoce.com.br/magazinedoxequemate/ PS: A loja virtual é um teste que estou fazendo, nem sei direito como cai funcionar, não deixe de ser um colaborador do blog com suas doações WHATSAPP 15998360731 FACEBOOK https://www.facebook.com/marcelo.bancalero Twitter @BancaleroXequeM
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