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Cerca de 60 pessoas, entre sindicalistas, parlamentares e militantes do PT, acompanharam o lançamento do livro “A outra história do mensalão”, escrito pelo jornalista Paulo Moreira Leite. O lançamento, no Plenarinho da Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul, no último dia 11 de outubro, foi precedido pelo debate entre Paulo, autor do livro, o economista e dirigente do PT, Markus Sokol, e o deputado Paulo Ferreira, do PT, mediados pelo presidente da Federação dos Metalúrgicos do Rio Grande do Sul da CUT, Jairo Carneiro.
A atividade foi promovida pelas Federações dos Metalúrgicos, dos Sapateiros e dos Trabalhadores do Ensino Privado, onde a abertura ficou por conta do presidente da CUT/RS, Claudir Nespolo.
A convocatória do debate colocava três questões: “Frente ao novo cenário no Brasil após as jornadas de junho/julho, qual a relação entre as condenações do STF no caso da Ação Penal 470 (o mal chamado “mensalão”) e o PL 4330? Qual o lugar do STF e do Congresso Nacional? Aonde conduzem as atuais regras eleitorais?”
Para Paulo, atualmente diretor da sucursal da revista Isto É, em Brasília, o julgamento da AP 470 foi político. Diferentemente do processo envolvendo o PSDB, no caso dos petistas, o STF não decidiu dividir a ação entre os que possuíam foro privilegiado. Dessa forma, o tramite seria mais rápido e a tempo de atingir o núcleo dirigente do PT.
Segundo o jornalista, a imprensa procurou a todo momento pautar o STF. Isso não isenta a vontade do Supremo de interferir na vida política do país e conscientemente interromper a continuidade dos governos do PT. Paulo identifica isso como a intolerância das elites em relação a um governo que deu vez aos que não tinham vez. Segundo ele, a mídia transformou fatos em opiniões. Ele lembro que a imprensa já havia se comportado assim na ditadura militar.
Sem provas para condenar o PT, o STF e a Procuradoria Geral da República se abrigaram na teoria do domínio do fato para criminalizar os dirigentes do partido, e logo mais todos os militantes.
Markus Sokol relembrou a “coincidência” entre a data do julgamento e as eleições municipais, numa clara disposição de influenciar no pleito. Sokol retomou o lugar do STF na história recente do Brasil. Na ditadura, um governo foi derrubado,  o Congresso Nacional chegou a ser fechado um momento, mas a maior corte do país não. Alguns ministros foram aposentados e o STF funcionou acobertando ativamente os militares.
Para Sokol, as manifestações de junho colocaram na ordem do dia a falência das instituições herdadas do regime militar. O Supremo que impede que os criminosos da ditadura sejam julgados, o Congresso que tenta aprovar uma lei que generaliza a terceirização (PL 4330), e o presidencialismo de coalizão, através do qual o PMDB e as oligarquias se perpetuam (as regras lhes favorecerem, sempre tem a maioria).
Ele traça um paralelo entre as alianças da coalizão de governo e a nomeação dos ministros do STF. “Se há negociação com o PMDB para ocupar cargos, também há negociação com setores conservadores do Poder Judiciário para as indicações”. E atribui às alianças e à falta de reação da direção do PT, o terreno encontrado para a ofensiva do STF contra o partido.
Markus Sokol defendeu que os movimentos sociais se engajem na campanha por um plebiscito pela convocação de uma Assembléia Nacional Constituinte para uma profunda reforma nas instituições brasileiras, como forma de dar a palavra ao povo, sentido do clamor popular que tomou conta do país no meio do ano.