Toninho Almada/Hoje em Dia
PSDB teme elo de Pimenta da Veiga e Marcos Valério
Ex-ministro das Comunicações, Pimenta da Veiga pode enfrentar dificuldades em eventual campanha

A possível volta do advogado e ex-prefeito de Belo Horizonte Pimenta da Veiga à política acendeu a luz amarela no reduto tucano. O motivo é sua ligação com personagens do esquema de corrupção nos Correios, cujas investigações desembocaram no escândalo do mensalão. Durante sua gestão à frente do Ministério das Comunicações no governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB), Veiga teria aberto as portas do governo federal ao operador do esquema, Marcos Valério.

Pimenta da Veiga é cotado para coordenar a campanha do PSDB ao Palácio do Planalto em 2014 e até mesmo para ser o nome do partido ao governo de Minas.

O problema é que, mais uma vez, a legenda deve explorar o envolvimento do PT no esquema do “mensalão” para tentar desgastar a candidatura à reeleição da presidente Dilma Rousseff e a provável candidatura do ministro Fernando Pimentel (PT) ao Palácio Tiradentes.

Com Veiga assumindo o principal posto da campanha presidencial, ou disputando o governo, o PSDB teme que seu envolvimento com Marcos Valério venha à tona.

“O Pimenta é um dos quadros mais queridos do PSDB. Por ter ficado fora (da política) por 10 anos, não tem arestas com ninguém. O único problema é esse, porque pode atrapalhar esses ataques ao PT”, declarou um tucano que preferiu não ser identificado.

Porta de entrada

Foi durante a gestão de Veiga – 1999 a 2002 – que os primeiros contratos dos Correios com as empresas de publicidade de Marcos Valério teriam sido firmados. Oficialmente, o primeiro contrato de Valério com o ministério das Comunicações teria sido fechado em 2003, mas a partir do ano 2000, a SMP&B já estaria lucrando indiretamente com os Correios.

O esquema chegou a ser denunciado na CPMI dos Correios instaurada em 2005. Uma operação “suspeita” entre a estatal, a agência de publicidade Giacometti Associados, Valério e Veiga acabou indo parar no relatório da investigação.

Segundo depoimentos de Dennis Giacometti e Iran Castelo Branco, donos da empresa Giacometti, mais de 70% do lucro que eles obtiveram com o contrato com os Correios teriam sido depositados em uma conta de Valério.

Repasse

Os empresários afirmaram ter passado para uma conta de Valério no Banco Rural R$ 6,8 milhões de um contrato de R$ 76 milhões, cujo lucro da empresa foi de R$ 9,7 milhões. A conta de Valério no Banco Rural é a mesma que abasteceu o “valerioduto”.

No depoimento, um dos proprietários da empresa afirmou que teria feito um acordo verbal para repassar à SMP&B 50% dos lucros com os Correios.
A Polícia Federal rastreou quatro depósitos feitos pelas empresas SMP&B e DNA Propaganda à conta de Pimenta da Veiga, totalizando R$ 300 mil. Além disso, durante a CPMI, foi encontrado um contrato de empréstimo de R$ 152 mil no BMG no qual Veiga figura como devedor e Valério e sua esposa Renilda Santiago como devedores solidários.

Leia mais na Edição Digital
http://www.hojeemdia.com.br/noticias/politica/psdb-teme-elo-de-pimenta-da-veiga-e-marcos-valerio-1.151643

29/07/2013 - 03h30

Dinheiro de licitações pode ser devolvido, diz Siemens

PUBLICIDADE

CATIA SEABRA
DE BRASÍLIA

Em reunião com promotores de Justiça na semana passada, a multinacional Siemens admitiu devolver aos cofres públicos parte do valor que teria sido superfaturado no fornecimento de equipamentos de trens e metrô ao governo de São Paulo.
Há duas semanas a Folha revelou que a Siemens delatara às autoridades antitruste a existência de um cartel -do qual fazia parte- em licitações para compra de equipamento ferroviário, construção e manutenção de linhas de trens e metrô em São Paulo e no Distrito Federal.
O esquema envolve subsidiárias das empresas Alstom, Bombardier, CAF e Mitsui, e as empresas TTrans, Tejofran, MGE, TCBR, Temoinsa, Iesa e Serveng-Civilsan.
As combinações podem ter aumentado em 20% os preços. Mas o cálculo dependerá ainda de um levantamento de contratos assinados pela CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) e pelo Metrô de São Paulo.
Na semana passada, a Promotoria pediu à CPTM e ao Metrô a lista de contratos com as empresas apontadas como integrantes do cartel.
A Siemens fez um acordo que pode garantir à empresa e a seus executivos imunidade administrativa e criminal e diz que "coopera integralmente com as autoridades". A empresa afirma que enfatiza a importância de uma concorrência leal e "obriga todos os funcionários a cumprir regulamentos antitruste".
As demais empresas também dizem estar colaborando com as investigações.
Se for confirmado e condenado o cartel, as empresas ficam sujeitas à multa que pode chegar a 20% do faturamento bruto no ano anterior à abertura de processo -o que poderia chegar a R$ 1 bilhão no caso da Siemens, segundo cálculos oficiais.