Xeque Cultural - Marcelo Bancalero
Ao encontrar a postagem do nobre blogueiro José Antônio (Jam) , sobre o livro de Irwing Wallace "Os Sete Minutos" não me contive.
Sua resenha tão bem descrita seria confundida com a minha própria experiência caso eu resolvesse falar sobre minha leitura do mesmo.
Até mesmo a maneira como ele por obra do acaso encontrou-se com o livro pareceu a minha própria história sendo contada, a não ser pelo contexto do acontecido.
Então deixarei para que leiam sobre as emoções que me acometeram nas próprias linhas do companheiro escritor José Antônio (Jam) .
Acrescentando aqui apenas alguns comentários sobre o Livro de Irwing Wallace.
Tive o privilégio de ler este livro em uma antiga edição também de papel jornal no ano de 1985 com apenas 15 anos. Já era um devorador de literaturas na época. E não fui atraído ao livro pela capa, pois o exemplar que ganhei de um amigo que iria jogá-lo fora estava sem a capa.
Como o amigo blogueiro fui hipnotizado pelo enredo. Principalmente devido a batalha jurídica que sempre me assediou tanto em livros como em filmes. Só deixei de cursar direito por me decepcionar com nosso sistema judicial.
Mas voltando ao livro. Trata-se de um livro que embora lançado em 1969, é de uma atualidade gritante. Fala de questões muito inerentes à nosso contexto sócio-cultural.
Parabéns ao blogueiro do "LIvros e Opnião"
Fica aqui meu respeito à obra de Irwig Wallace e minha indicação a todos que gostam de uma boa leitura!
Os Sete Minutos
A primeira vez que li “Os Sete Minutos”, de Irwing Wallace, lançado em 1969, foi estritamente por acaso, aliás, um “belo” por acaso. Uma grande amiga – falecida há poucos meses - havia decidido dispor de alguns livros mais velhos de sua coleção, a maioria, livros de bolso em papel jornal. E como ela já sabia da minha fama de leitor inveterado me convidou para ir até a sua casa para e ver se algumas daquelas obras me interessava, caso contrário iria doá-las para a biblioteca municipal. Na época, lembro que escolhi uns 10 ou 12 livros e ao chegar em casa para dispô-los na minha biblioteca, percebi que havia pego um deles por engano que veio no meio dos outros. Era o próprio: “Os Sete Minutos”.
No post “Alta Fidelidade” escrevi que alguns livros tem o dom de nos seduzir logo nas primeiras linhas. E com a obra de Wallace ocorreu esse fenômeno. Comecei a folheá-lo sem interesse e quando vi já estava refém de seu enredo.
Posso definir a leitura de “Os Sete Minutos” como arrebatadora. Fiquei surpreso porque não conseguia largar o livro e quando percebi, me via lendo durante qualquer brecha do meu dia a dia: no banheiro, depois do almoço, entre uma reportagem que fazia e outra. E olha que eu não tenho esse hábito, já que acostumei a ler somente durante as noites e madrugadas. Mas confesso que Wallace, com o seu livro, conseguiu mudar os meus velhos hábitos.
A obra em questão pode ser classificada como um livro dentro de outro livro. O autor fala de um misterioso escritor chamado J.J. Jadway que escreveu “Os Sete Minutos” considerado o romance mais injuriado e polêmico de todos os tempos. Basta constatar a definição (fictícia) do jornal Le Figaro, de Paris: “O livro mais pornográfico que foi escrito depois que Gutenberg descobriu a imprensa... Fascinante como revelação íntima, mas imperdoável como confissão pública.” Sete minutos seria o tempo médio do orgasmo feminino; e a sacada de J.J. Jadway foi criar uma personagem que de uma maneira franca descrevesse tudo o que se passava em sua cabeça durante esse momento. Na cama, durante o ato sexual com o seu companheiro, a sedutora Cathleen imagina em suas fantasias reviver momentos carnais com três homens que haviam sido os seus amantes. Os três variavam em suas atitudes em relação às mulheres e ao amor. Cada um oferecera-lhe, ensinar-lhe algo, e as experiências com todos os três se juntavam para torná-la uma mulher completa. A única história existente no livro descrevia a decisão de Cathleen em tornar um desses homens seu companheiro para o resto da vida, o que levara para a cama naquela noite, o mesmo que a possuía durante os sete minutos do título. O nome do escolhido só era revelado na última página do livro. Durante esses sete minutos de orgasmo com o seu eleito, Cathleen revelava tudo o que se passava em sua cabeça , mas não de uma maneira chula, pelo contrário, utilizando uma linguagem poética, mas também bem franca.
O livro, na época de seu lançamento, escandalizou toda a sociedade e ficou proibido durante 35 anos, ganhando o status de obra maldita, mas por outro lado Cult. Quanto ao seu autor, se tornou um mito, uma verdadeira lenda. Por causa da obra polêmica, há três décadas e meia, Jadway acabou sendo expatriado e a partir desse momento ninguém nunca mais souber informar o seu paradeiro: se ele estava vivo ou morto. O lendário escritor que havia revolucionado a linguagem dos romances convencionais, após cair em desgraça por causa de sua obra, simplesmente desapareceu, mas “Os Sete Minutos” continuaria causando furor.
Decorrido todo esse tempo, uma editora resolveu relançar o polêmico romance, mas um ambicioso e retrógrado promotor de uma pequena cidade americana, ainda entendia que o livro se tratava de uma obra obscena. Por isso, o magistrado acaba prendendo um pacato livreiro que vendia exemplares de “Os Sete Minutos” em sua loja. De acordo com o código penal da Califórnia, em seu artigo 31, a venda de material obsceno é crime passível de prisão. Para complicar ainda mais a vida do pobre livreiro, a obra teria sido a causa de um estupro brutal seguido de homicídio. Um adolescente afirma que após ler a obra maldita de Jadway, teria perdido o controle, vindo a estuprar e matar uma jovem.
É a partir desse momento que o livro de Irwin Wallace pega fogo e faz com que o leitor atravesse a madrugada devorando as suas páginas. O leitor é brindado com uma emocionante batalha judicial. De um lado o promotor Elmo Duncan que vê na condenação do livro e do pacato livreiro uma chance de ouro para subir na carreira, podendo assim, se candidatar a um cargo político de destaque. E do outro lado, o jovem advogado Mike Barret que assume a defesa do livreiro e por “tabela”, também a defesa de “Os Sete Minutos”, por acreditar que a obra não tem nada de obsceno.
Comparo o duelo dos dois a Davi e Golias, já que Duncan tem todas as armas na mão, enquanto Barret é obrigado a montar o seu caso, juntando provas da estaca zero. Ele tem que provar ainda que o adolescente que teria estuprado e matado a jovem não agiu sob a influencia de “Os Sete Minutos”.
Ao aceitar o caso, a vida de Barret se transforma num verdadeiro inferno, pois passa a sofrer pressões de todos os lados; no amor, no trabalho, na família. Todos querem que ele abandone a defesa, a qual julgam perdida. Além disso, ele se torna um pária na sociedade, já que aceitou defender uma obra, que a maioria julga pornográfica e amaldiçoada já que teria sido a responsável pela indução de um assassinato. Enquanto isso, Duncan atropela o seu oponente nos tribunais sem piedade, já que tem o apoio da mídia, dos políticos, dos poderosos e da sociedade.
Em certo ponto da história, só resta mesmo ao advogado encontrar o lendário escritor J.J. Jadway ou então a lendária Cathleen, a qual descobre ter sido usada para compor a personagem do livro. É neste momento que Irwin Wallace faz uma revelação bombástica que muda todo o rumo do enredo. Fiquei de queixo caído; melhor dizendo, de queixo ‘pregado’ no chão. Barret faz uma descoberta revolucionária que nenhum leitor em todo mundo jamais poderia imaginar ou suspeitar Um verdadeiro golpe de mestre.
“Os Sete Minutos” alerta para a importância da liberdade de expressão e os riscos que o tolhimento desse direito pode causar para as pessoas. Como já escrevi nesse post, uma obra arrebatadora que suga o leitor para o interior de suas páginas.... e com uma revelação final espantosa que modifica todo o rumo da trama... sem precedentes.
Confiram!
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