Magazine do Xeque-Mate

terça-feira, 16 de setembro de 2014

'País tem a maior queda de desigualdade nos últimos dez anos' - E agora PIG?

Xeque -Marcelo Bancalero

Um dos mais respeitados estudiosos do tema da pobreza no Brasil, o ministro-chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), Marcelo Neri, revela que a desigualdade no país voltou a diminuir, apesar do baixo crescimento e dá um nó na cabeça dos urubólogos do PIG.
E Mantega reafirma papel social do BC e retomada do crescimento como noticiou o Correio do Brasil ( http://goo.gl/4J2CFC). 
Fica difícil para Marina e Aécio sustentarem suas mentiras contra Dilma. O povo que tem sido favorecido com isso, é justamente aqueles que vão reeleger Dilma, pois ao contrário do que desejam, o brasileiro legítimo, deste Brasil com (s), não é um povo ingrato! E graças aos próprios programas  criados pelos governos do PT, hoje falamos de um povo muito mais politizado e difícil de se manipular com falácias. Mesmo o povo de São Paulo, que deu uma prova disso elegendo Haddad, pode levar os institutos de pesquisas ao colapso, com uma virada de Padilha ( http://goo.gl/vrkuE3igual a do companheiro, nos próximos dias.
Leia na íntegra;

'País tem a maior queda de desigualdade nos últimos dez anos', diz Neri

Ministro-Chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos afirma que número voltou a diminuir, apesar do baixo crescimento.


Mariana Mainentimariana.mainenti@brasileconomico.com.br
e
Sonia Filgueirassonia.filgueiras@brasileconomico.com.br
Um dos mais respeitados estudiosos do tema da pobreza no Brasil, o ministro-chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), Marcelo Neri, revela que a desigualdade no país voltou a diminuir, apesar do baixo crescimento. E poderá mostrar os melhores resultados dos últimos dez anos. “Em 2014, a desigualdade observada está caindo no ritmo de um relógio”, comparou o ministro em entrevista ao Brasil Econômico. Além de explicar que existe um descolamento entre as séries econômicas mais tradicionais, em particular o Produto Interno Bruto (PIB), e as séries de indicadores baseados em renda, ele afirma que há uma “mudança profunda” ocorrendo no país, que não é mostrada pelos números macroeconômicos. Debruçado sobre questões cruciais para o crescimento, diz que o otimismo do brasileiro com o seu futuro representa um obstáculo ao aumento do nível de poupança. “Para a Secretaria de Assuntos Estratégicos, o otimismo, até certo ponto, é um problema. Como você vai convencer o sujeito a fazer a tal poupança financeira e investir mais em educação?”, indaga.



Marcelo Neri, Ministro-chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República
Foto:  Glaucio Dettmar

Estamos em uma situação de crescimento lento há algum tempo. Isso está prejudicando os ganhos sociais obtidos nos últimos anos? 



Até agora não, de uma maneira até surpreendente. Na verdade, existe um descolamento entre as séries econômicas mais tradicionais, em particular o PIB, e as séries de indicadores baseados em renda — a começar pela própria média de renda desde o fim da recessão de 2003 para cá. O PIB cresceu 27,8 %, a renda média na Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) cresceu 51,7%. Uma diferença de 24 pontos percentuais, quase o dobro de 2003 a 2012. Mas em 2012, por exemplo, a renda da Pnad cresceu 9% e o PIB cresceu 1%. A diferença foi até maior. Se dermos sequência com os dados da PME (Pesquisa Mensal de Emprego), que não são tão abrangentes do ponto de vista geográfico e do conceito de renda, veremos um descolamento ainda maior. O fenômeno do descolamento entre séries econômicas e sociais também fica mais forte quando incorporamos, por exemplo, a renda mediana per capita — a renda do João, ou da Maria. Ela cresceu 78% de 2003 a 2012. Já a renda dos 10% mais pobres, cresceu ainda mais: 106,6%. Ou seja, nesse período, a Pnad média cresceu quase duas vezes mais que o PIB. A renda mediana, que já incorpora um pouco do efeito-desigualdade, cresceu três vezes mais que o PIB. E a renda dos 10% mais pobres cresceu quatro vezes mais que o PIB. No período recente, eu diria que esse descolamento é ainda maior, considerando os dados da PME. Por duas razões: primeiro, há um descolamento do mercado de trabalho — muitos têm falado sobre isso (referindo-se ao baixo desemprego, apesar do fraco desempenho econômico). Em segundo lugar, a desigualdade segue em queda, uma queda bastante forte. Eu diria que, em 2014, a desigualdade observada está caindo no ritmo de um relógio. De acordo com a PME, ela está caindo 0,1 ponto percentual por mês, todos os meses de 2014, até julho, como um relógio. Eu estou fazendo o cálculo só com quatro regiões metropolitanas da PME. São os dados disponíveis, ainda não temos as seis regiões por causa da greve do IBGE. Em minha avaliação, é até uma medida conservadora. Se incorporarmos o aumento do Bolsa Família (o governo anunciou a correção de 10% nos benefícios do programa), que é um programa bem focalizado nos mais pobres, o efeito vai ficar maior. É a maior queda dos últimos dez anos.
Em 2014 poderemos ter, então, a maior queda da desigualdade... 



Dos últimos dez anos. Já estamos tendo — pela PME, com as limitações que ela tem. As indicações já mostram isso. O efeito pode se refletir na Pnad 2014, ou não. Mas a PME mostra uma queda. Na verdade, a desigualdade vem caindo desde 2001. O ano excepcional foi 2004, foi o começo do crescimento com redução da desigualdade. Em 2012 (última Pnad disponível) observamos uma estabilidade no Gini (Índice de Gini, que mede a desigualdade na distribuição de renda), mas que precisa ser relativizada. O Gini ficou parado porque a renda dos 5% mais ricos cresceu. A partir de março de 2013, ele voltou a cair, considerando os dados da PME. Agora, desde o começo do ano está caindo ainda mais. Essa marca de redução da desigualdade continua. Também diria que o crescimento da média da renda do trabalho, que teve alguma desaceleração em 2013, voltou. Não está no mesmo nível do período de ouro, mas há esse efeito desigualdade, que faz com que o bem-estar das pessoas esteja crescendo num nível bastante razoável. A combinação continua e é até mais forte, mais descolada do que foi no período até 2010. Se eu olho para a base ou para o meio da distribuição, é um crescimento razoável. Não é o boom que a gente viveu, mas é um crescimento bem razoável. Fala-se muito em desaceleração do crescimento, que realmente preocupa, mas o descolamento tem se mantido.
Como tem se mantido? 



Há uma série de medidas que foram tomadas, como a desoneração da folha (de pagamentos) e a desoneração da cesta básica. Não se tem o contrafactual que nos mostre qual seria o mercado de trabalho caso não tivessem sido tomadas — e tem gente que fala: “Isso não ajudou a relançar a economia”. Mas eu digo: talvez tenham ajudado a proteger os ganhos sociais. Há os efeitos de uma política educacional, ênfase no ensino técnico, uma recuperação de salários, que é função também do efeito educação. E há um crescimento da média da renda das pessoas, a despeito da desaceleração do crescimento do PIB.
Tem aí um conflito capital x trabalho, não? 



Mas que não é tão grande. O bolo está crescendo, mas crescendo mais na base. Tem mais fermento na base. Os ganhos foram maiores na base do que topo. A participação do trabalho na renda subiu quatro pontos de porcentagem nos últimos anos, mas não é uma revolução. É uma mudança. Uma mudança benigna. Ninguém teve perdas absolutas. Agora, além do aumento da parcela do trabalho na renda, mudou muito a desigualdade dentro do trabalho. As estratégias que têm sido feitas dão um grande peso para a população, uma abordagem menos economicista e mais voltada para a população. Acho que esse é o norte, a bússola.
Estamos em recessão?
O brasileiro não está em crise. O desemprego está num nível historicamente baixo. A inflação é um problema? É um problema, sem dúvida, a gente não pode descuidar dela, mas estão ocorrendo ganhos do salário real.
Mas o cenário macroeconômico piorou... 



Piorou, mas em termos. Acho que houve uma piora, mas também acho que, no diagnóstico do que está acontecendo no Brasil, talvez estejam faltando as primeiras coisas, as mais básicas. Principalmente, se a visão é de bem-estar. Às vezes há muitas opiniões, mas falta olhar para os dados básicos. Quanto está crescendo? O que está por trás do crescimento? É crescimento de produtividade? Afirma-se que há um cenário insustentável de crescimento da renda, do salário real em relação à produtividade. As pessoas falam: “A produtividade no Brasil está crescendo menos do que o salário”. Eu falo: “Não é verdade!”. Sei que sou uma voz dissonante, mas pego as séries nominais: estão crescendo à mesma taxa. Eu apanho à beça porque falo isso. Mas faz parte.
Não está crescendo menos? 



Se pegarmos de 2001 a 2012, vamos ver o salário real crescendo mais do que a produtividade. Se pegarmos as séries nominais, produtividade por trabalhador e salário, elas estão exatamente sobrepostas. Não há descolamento. O descolamento se dá só por causa do deflator. O deflator implícito do PIB, que é o que eu uso para produtividade média por trabalhador, difere do INPC, que eu uso para o salário real. E esse é o mesmo fenômeno que está por trás da Pnad em relação ao PIB. Pnad e contas nacionais em termos nominais de crescimento estão iguaizinhas quando — o que é importante dizer — eu meço coisas iguais: renda do trabalho/renda do trabalho. O Brasil está produzindo muitos resultados, mas, olhando o meio de campo, a macroeconomia, você fala: “Poxa, esse meio de campo está muito desentrosado, mas está fazendo muitos gols”. E do ponto de vista pragmático, você quer resultados, você quer os gols. Se está jogando bem, não é tão importante quanto o resultado.
E do ponto de vista do resultado, o sr. acha que está muito bem... 



Até agora, até julho de 2014 o resultado social, o bem-estar da população, tal como medida de bem-estar, é o seguinte: se olharmos para a média, o desempenho é ok; se olharmos para os mais pobres, o desempenho é muito bom; e se olharmos para o topo da distribuição, é um desempenho ruim, porque a desigualdade está caindo.
Os analistas apontam a necessidade de um ajuste macroeconômico recessivo no início do ano que vem. O próximo governo, seja ele qual for, teria de repor preços administrados, manter a taxa de juros alta. Isso põe em risco os ganhos obtidos até o momento? 



Os riscos sempre existem, mas são maiores ou menores dependendo de como você faz. Se você olhar as séries brasileiras nos últimos 30 anos, vai ver o seguinte: todos os anos pós-eleitorais são anos difíceis. Em todos eles, observamos quedas absolutas de renda e aumentos absolutos de pobreza, com duas exceções. E todos os anos eleitorais foram anos de boom na economia. As exceções (pós-eleitorais) foram 2007 e 2011. Foram os únicos anos em que você não observou queda absoluta de renda ou aumento de pobreza. Isso reflete de alguma forma uma preocupação. As duas únicas exceções em muitas eleições.
Houve, então, nos últimos anos, uma preocupação do governo de poupar a população mais pobre? 



Podemos responder à pergunta de duas formas: pelos resultados obtidos e pelas políticas adotadas. Os resultados obtidos são esses que mencionei: o bem-estar da população está crescendo acima do crescimento da economia, seja na média, seja incorporando a desigualdade. As políticas adotadas — a desoneração da cesta básica, da qual eu participei, e a desoneração da folha de pagamentos — ajudam a explicar (os resultados). Não vou estabelecer relações de causa e efeito, porque não temos estudos que mapeiem isso causalmente. Mas não é contraditório com os resultados assumidos.
O senhor diria que, diante de uma opção menos desenvolvimentista e mais liberalizante, essas conquistas estariam mais em risco? 



Eu não gosto desses rótulos, porque a gente fica rotulando colegas de uma forma ou de outra e o que importa é ver se no final do dia os pobres, as pessoas, estão indo melhor ou pior. “Ah, porque o fulano de tal usa o Consenso de Washington”. Aí você começa a subdividir: tem o desenvolvimentista tipo A, o neoliberal, o liberal tipo A, o tipo B... Para quê? São expressões que ajudam muito mais a confundir do que a clarificar. Prefiro muito mais olhar para os dados e ver o que foi feito e o que foi obtido. Eu acho que um candidato à esquerda legítimo é aquele que não só fala coisas, mas faz, entrega coisas consistentes. Ou seja, os resultados estão onde a boca está. Onde estão os resultados? É isso o que eu quero saber. E a verdade é que se a gente olhar do ponto de vista de indicadores sobre as pessoas nas suas casas, que é o que essas pesquisas domiciliares fazem, os resultados são muito melhores não só nos últimos três ou quatro anos, como nos últimos 15 anos.
O governo vive hoje uma situação de restrição fiscal e os analistas apontam que os gastos que mais aumentaram foram os sociais. Discute-se que tem que haver uma nova regra do salário mínimo. Que risco esse debate representa para os ganhos? 



O ponto importante que não tem sido enfatizado é que dispomos de uma tecnologia que consegue conciliar restrição fiscal e entrega de resultado de uma maneira muito boa, que é o Bolsa Família, e principalmente depois dos upgrades que foram feitos, como o Brasil Sem Miséria. Apostar mais nessas tecnologias é uma maneira de lidar com essa restrição fiscal. O Bolsa Família custa 0,53% do PIB. Uma expansão do programa como tivemos este ano não impacta quase o orçamento, mas pega 25% da população mais pobre. Há no Brasil uma busca por novas tecnologias sociais. A restrição fiscal te obrigar a usar as melhores tecnologias, o que é muito bom.
Em suas análises, o sr. mostra como o Bolsa Família e a ascensão à classe média ajudaram a movimentar a economia. É possível manter esse movimento? 
Estou apresentando um trabalho que mostra o efeito multiplicador do Bolsa Família sobre o trabalhador por conta própria, sobre o empreendedorismo na base, que é um aspecto ligado à oferta (agregada da economia). Os resultados são muito interessantes. O Bolsa Família gerou um aumento de 10 pontos de percentagem no empreendedorismo entre os beneficiários. Há aí um efeito de oferta. Não acho que as políticas a serem perseguidas sejam necessariamente de busca de demanda agregada, como foram aquelas adotadas no pós-crise de 2008. Depois da crise de 2008, naturalmente, você queria injetar demanda na economia. Todos viraram keynesianos. Hoje, acho que existe uma restrição de oferta mais forte. Devemos buscar políticas de aumento de oferta também na base da distribuição. Temos um conceito que estamos trabalhando, de produtividade partilhada. Ou seja, como levar os ganhos de produtividade à base da distribuição, para que seja um processo não só de crescimento, mas de crescimento inclusivo, com distribuição. A busca de uma visão mais equilibrada de oferta e demanda é necessária, mas acho importante não se perder o rumo da inclusão. Precisamos olhar mais para a oferta, precisamos continuar olhando para a base, incorporar elementos novos sem perder as boas direções. 



Por que?
O nosso Gini ainda é o 18º em 155 países do mundo. Temos uma desigualdade muito grande. Temos a foto (a situação) e o filme (o processo de melhora). As fotos brasileiras ainda são muito ruins. É por isso que esse debate não pode ser abandonado. Eu discordo da visão de que “desde 2001 a desigualdade está caindo, fizemos o nosso trabalho”. Não, a missão não está terminada. Temos agora que incorporar novos ingredientes a esse arsenal de políticas e acho que são elementos de oferta. É um processo que passa por mudanças de produtividade, por educação de qualidade, por cursos técnicos. E nós, aqui na SAE, temos uma agenda bastante extensa sobre isso: formas de estimular a poupança financeira das famílias, em particular, das famílias de baixa renda; o desenho de políticas que favoreçam acumulação de ativos por parte das famílias de baixa renda, para tornar a situação delas mais sustentável. Isso gera também um efeito de maior robustez do crescimento.
Houve ênfase excessiva no consumo?
Ao examinarmos a transformação brasileira olhando as contas nacionais, podemos pensar: “É uma mudança baseada em consumo, transferência de renda, é uma transferência não sustentável”. Mas se você olhar variáveis estruturais das pessoas, ativos que as pessoas têm, como educação, moradia, expectativa de vida, desenvolvimento humano, você vai ver uma mudança forte na base, o que eu gosto de chamar de uma mudança profunda. Já houve uma transformação profunda e a maioria dos leitores de jornal, quando olha, fala: “Ah, não... a renda do sujeito subiu de R$ 1 mil para R$ 2 mil porque recebeu umas bolsas, então, nada mudou”. Se a sua renda subiu de R$ 1 mil para R$ 2 mil e você sabia viver com R$ 1 mil, sobrevivia, é uma mudança gigantesca. E o que está por trás dessas mudanças é que as mulheres estão tendo menos filhos, esses filhos estão indo para a escola, depois estão conseguindo emprego, com carteira assinada. Há um ganho estrutural que as pessoas não estão percebendo. Tem analistas que só ficam olhando para as contas nacionais. Se você olha para as pesquisas que vão à casa das pessoas ou conversa com as pessoas, vai ver que, na base da distribuição, tem uma mudança na distribuição dos ativos. Ela já aconteceu e agora precisa continuar. 
Esses ganhos são sustentáveis?
A grande prova de sustentabilidade, o grande teste do amortecedor, foram esses períodos em que a economia cresceu pouco, tal como avaliada pelo PIB, e os resultados sociais, trabalhistas, a melhora na renda e a redução da pobreza continuaram acontecendo. O ritmo da queda de pobreza que tivemos última Pnad foi muito interessante: 15%. E foi em 2012, o ano do “Pibinho”.
A agenda da SAE é tornar mais sólida essa transformação? 



Temos o desafio, por exemplo, de uma agenda de educação na primeira infância, que é fundamental. A maior taxa interna de retorno social é uma educação de primeira infância bem feita. Inclusive beneficia as mães. Está fazendo uma política de creches por causa das mães ou das crianças? Resposta: todas as alternativas acima, embora eu confesse que a minha preocupação maior seja com as crianças. O que me fez vir trabalhar no governo foi uma reunião da qual participei na transição, como convidado externo, na qual eu comecei a ver ênfase sobre crianças, sobre novas tecnologias. Eu cutucava o Ricardo Paes de Barros (especialista no estudo da pobreza e subsecretário de Ações Estratégicas da SAE), a meu lado: “Você tá ouvindo isso? Pode ser que não seja verdade, mas o que você queria ouvir melhor do que isso?”. Saí e falei: “Pode ser que nada disso seja implementado. Mas eu vi uma direção aqui muito interessante”. E essa direção está sendo assumida: construção de creches, o Brasil Carinhoso — um desenho de política voltado para as crianças, e que ajuda as mães das crianças a arrumarem emprego. É um programa de creche bem desenhado, resultado de pesquisas aqui da SAE, que aumenta a renda permanente das mães em R$ 180. Eu estou falando de uma agenda ligada às pessoas. Mas ela não está descolada da agenda de crescimento da economia.
Por que é difícil ver as mudanças? 



Se há pessoas que não conseguem enxergar o grau de profundidade da mudança estrutural que está havendo, talvez seja por estarem muito distantes da base. Como no Brasil ainda tem muita desigualdade, às vezes quem está em cima olha e pensa: “Esse sujeito aí está morando num barraco, ganhando Bolsa Família...”. Mas você vai conversar com esse sujeito, ver o que as pesquisas mostram. “Qual a sua prioridade? Quer comprar carro? Não, quero ir para a faculdade. Eu não vou conseguir ir, mas a minha filha vai”. Você vai na outra casa e pergunta: “Você tem computador?”. “Não, mas a minha filha tem. Ela está fazendo curso técnico”. Tem uma mudança profunda na base do Brasil. O Brasil do novo milênio é o Brasil antigo. Esse é o Brasil que prosperou. Mas precisa prosperar mais. Aqueles que querem entender o Brasil sem olhar para a base ou sem olhar a cabeça das pessoas, vão ter dificuldades.
O sr. vê a inclusão nas agendas dos três principais candidatos à presidência? 



Prefiro não me posicionar em relação a nenhum candidato, prefiro olhar para a sociedade como um todo. A sociedade brasileira nunca teve uma medida de desigualdade tão baixa, de polarização tão baixa. Melhorou desde 2001 e estamos, de fato, no melhor nível de escolarização, de desigualdade. Mas não se pode ter complacência em relação a isso. Não estamos muito melhor do que estávamos 50 anos atrás. Pioramos muito durante o milagre (econômico), um pouco nas décadas posteriores, depois melhorou. Se o Brasil está melhorando, e somos uma democracia, é porque a população quer ou de alguma forma apoiou isso.
O sr. sempre menciona o otimismo do brasileiro. Esse traço se mantém? 



Nós acabamos de levantar os dados de 2014, do Gallup. Nas nove vezes que a pesquisa foi a campo (de 2006 a 2014, maio de 2014 foi a última) o brasileiro é o que dá a maior nota de satisfação para a sua vida daqui a cinco anos. A última nota foi 8,8. A de 2013 foi 8,8 também. Nunca deixou de ser o primeiro lugar. Os jovens, esses mesmos que participaram das demonstrações, nunca deram uma nota abaixo de 9 na média. O brasileiro é assim. Eu sou brasileiro, sou otimista, positivo sobre o futuro e detestaria morar num país com pessoas pessimistas. Mas acho que um dos problemas do Brasil é que o brasileiro é muito otimista.
É um problema?
Para a SAE, até certo ponto, é um problema. Porque como você vai convencer o sujeito a fazer a tal poupança financeira, investir mais em educação? É uma contradição em termos. Agora, se você fala para o brasileiro dar uma nota para o país, para a cidade, a nota é bem pior. Nós somos otimistas sobre a nossa própria vida, somos otimistas e individualistas. Precisamos fazer a construção coletiva. Precisamos de uma combinação: sem perder essa positividade, sermos mais prudentes, investir mais. Isso (o otimismo) talvez atrapalhe. Os nossos grandes problemas hoje são problemas coletivos, de relacionamento. O problema da violência, por exemplo: precisa envolver três níveis de governo. O transporte urbano também envolve um problema coletivo de coordenação. São questões de coordenação entre governos e com a sociedade. Não é trivial. A boa notícia é que o Brasil vem mudando. Eu tenho presenciado em cada Pnad essa transformação. Foi surpreendente. No começo da década, o gráfico da desigualdade era como o eletrocardiograma de um morto, não se mexia. Aí, ano após ano ela vem caindo, com crescimento da renda das pessoas.
Mesmo com tantos resultados tão bons, as pesquisas eleitorais colocam que há desejo de mudança...
Estamos há dez anos nesse processo e é natural que a sociedade fale: “Espera aí, e agora?”. Há um sentimento de mudança, mas para mim não está claro que mudança é essa. A grande vantagem de uma democracia é que a gente sabe o que as pessoas querem. E a gente vai saber daqui a pouco.
O sr. falou da preocupação com poupança. Que instrumentos a SAE estuda para incentivá-la? 
É necessário ter uma mudança cultural e de oferta de dispositivos (de poupança), de educação financeira para mudar a cultura, para as pessoas usarem melhor esses dispositivos. Um desses instrumentos é curso de educação financeira vinculada ao ensino médio. Precisamos de uma agenda de microcrédito na base da distribuição.
A Moody’s revisou de estável para negativa a perspectiva da nota de crédito do Brasil. São dois “Brasis” então? 
São duas situações: é o brasileiro nas suas casas e é o Brasil no sentido macroeconômico. Embora tenham chances menores de subir, os analfabetos e os que moram na periferia elevaram mais suas chances de subir do que, por exemplo, os mais educados. Estamos acostumados no Brasil a acreditar, como se fosse a Lei da Gravidade, que o pão do pobre necessariamente cai com a margarina para baixo. Nos últimos anos essa máxima está sendo desafiada. Isso é um avanço importante. 



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