Magazine do Xeque-Mate

quinta-feira, 3 de abril de 2014

Pequisas tendenciosas são apenas o começo no vale-tudo contra o PT

Xeque- Marcelo Bancalero

Resultado da pesquisa Datafolha  sairá apenas no sábado, porém, já sabemos o que trará...
Como sempre, quanto mais se aproximam as eleições, mais sujo torna-se o jogo politico. E aqueles que nunca esconderam o lado que preferem, não demostram nenhum escrúpulo em prestar seus favores a golpistas!
Pesquisas tendenciosas são apenas o começo no vale-tudo contra o PT podem se preparar para golpes muito mais baixos!

Leia com paciência e entenda...

Datafolha: temos direito a dúvidas - parte 1

 


Voltamos à pesquisa Datafolha anunciada por "Pai Infomoney", porque nós meio que entendemos a epifania dele. Clicamos no link fornecido pelo post do Infomoney, que nos leva ao questionário do Datafolha registrado no TSE. E descobrimos que prenunciar que a pesquisa vai agitar o mercado é mole.
Se você quiser consultar com seus próprios olhos,aqui está o link pro site do TSE com o questionário do Datafolha. Trata-se de um calhamaço de 14 páginas (seis de pesquisa e oito de cartões de opções para os entrevstadores do instituto dos Frias). Ou, como diz o Tijolaço, uma prova do Enem.
Vamos analisar as seis primeiras páginas desse PDF.
A primeira pergunta é pesquisa espontânea, ou seja, o entrevistado diz o nome do candidato em que vai votar. OK.
As perguntas dois a seis são pesquisa estimulada, ou seja, os nomes dos candidaos são apresentados ao entrevistado. Não vamos criar celeuma com a ordem dos candidatos na lista, porque será apresentado ao entrevistado um cartão redondo com os nomes.
Mas uma pergunta não pode escapar: por que Aécio Neves é o único a aparecer em todos os cartões? Por que os demais candidatos não aparecem na mesma proporção?
Repare na imagem acima  que Dilma Rousseff e Eduardo Campos não aparecem em dois cartões (o tracinho em lugar do número correspondente), Lula e Marina não aparecem em três e, no cartão que deveria apresentar todas as opções de candidatos, Lula e Marina ficaram de fora.
Observe que nos cartões em que não há a opção Dilma Rousseff, aparece a opção Lula; e nos cartões em que não aparece Eduardo Campos, aparece Marina Silva. Ou seja: o Datafolha  admite cenários com candidatos diferentes para PT e PSB, mas não o faz com o candidato do PSDB. Por quê?
Nossa dúvida é corroborada pela pergunta 3 do questionário do Datafolha (acima): são apresentadas duas possibilidades de candidatos para PT e PSB, e apenas uma para PSDB. Por quê?
Vamos também abstrair o fato de Joaquim Barbosa ter sumido do quesitonário, porque até a última pesquisa divulgada em fevereiro, e registrada no TSE sob o número PO813734, ele vencia Eduardo Campos E Aécio Neves (página 45 deste PDF, destaque na foto ao lado)
Mas não vamos abstrair o fato de a pergunta 6a tentar mensurar a capacidade de transferência de votos das personalidades políticasbrasileiras em voga no momento. Ela questiona: "O apoio de [fulano] a um candidato a presidente na eleição de outubro (o texto diz ano que vem, mas nós fizemos o favor de atualizá-lo) levaria você a escolher esse candidato com certeza, talvez faça você votar nesse candidato ou você não votaria em um candidato apoiado por [fulano]?
E [fulano] na pesquisa pode ser Marina Silva, Lula, Joaquim Barbosa ou Fernando Henrique Cardoso.
Ora, se Marina e Lula figuram nessa questão e na lista de prováveis candidatos, por que Joaquim Barbosa e FHC também não figuram dentre os prováveis candidatos?
Descobrimos que a última pesquisa de preferência de voto para presidente divulgada pelo Datafolha em fevereiro deste ano (registro PO813734), trazia vício semelhante: Aécio é o único candidato a figurar em todos os cartões apresentados aos entrevistados (foto abaixo)
Pelo visto, 2014 será repleto de pesquisas estranhas, com dados esquisitos. Vamos acompanhar.

Datafolha: temos direito a dúvidas - parte 2 

O Muda Mais resolveu conferir as previsões de Pai Infomoney e descobriu por que as previsões do esotérico editor do site em questão levam a crer que o mercado seria agitado com a pesquisa Datafolha.
O documento disponível no site do TSE foi chamado pelo Muda Mais de calhamaço, e de prova do Enem pelo Tijolaço . Mas, brincadeiras à parte, é um conjunto de 47 perguntas e subperguntas, divididas da seguinte maneira:
A intenção de voto para presidente da república é abordada em 8 questões; mais 4 sobre a percepção do governo Dilma; 3 sobre a percepção do país atual; 7 sobre a percepção da economia; 4 sobre violência; 2 sobre a copa do mundo, uma (sim, apenas uma) sobre os protestos, 5 sobre a questão da refinaria Petrobras, 3 sobre a falta de chuvas e o abastecimento de água e energia; 5 sobre a percepção sobre emprego e as outras 5 de identificação e de enquadramento em perfil socioeconômico.
Não encontramos perguntas sobre o escândalo (ou, como chama a velha imprensa, suposta formação de cartel) do Metrô de São Paulo ou sobre o helicóptero do senador mineiro Zezé Perrella, apreendido pela Polícia Federal com 500 kg de pasta-base de cocaína. Mas as perguntas sobre falta d’água servem para atingir o governo federal, da maneira como foram apresentadas. Percebemos perguntas escancaradamente tendenciosas, e resolvemos conversar com um especialista em Linguística para conferir nossas suspeitas.
Dioney Moreira Gomes professor de graduação e pós do Departamento de Linguística, Português e Línguas Clássicas da Universidade de Brasília, nos mostrou que a análise não só de cada pergunta, mas principalmente da sequência em que as questões são apresentadas, mostra o nível de tendenciosidade da pesquisa Datafolha. Vejamos o que diz o professor:
Antes do Dioney linguista analisar a questão, o Dioney contratado pela UnB alertou para o fato de que março é o mês em que parte do funcionalismo público tem reajuste salarial. O comércio, já sabendo dessa característica sazonal, eleva os preços das mercadorias no mês de março. Então, a percepção de alta é natural.
O linguista aponta outro detalhe na pergunta: o uso do verbo notar. “Esse verbo pressupõe que o entrevistado tenha percebido alguma alteração. E, se não percebeu, não vai passar recibo de desinformado. Essas perguntas têm alta carga de indução.”

São duas definições bem próximas, as de assaltado ou roubado. Mas agressão é um termo bem abrangente, que se pode usar para classificar tanto um leve empurrão proposital ou palavras grosseiras ouvidas de terceiros, ou até mesmo um estupro. Qualquer pessoa pode dizer que foi vítima de agressão no último ano (no trânsito, no transporte público, etc.). E essa tendência a reconhecer uma agressão aumenta a resposta positiva para roubo ou assalto.
Podem refletir uma realidade distante do entrevistado, mas ao serem perguntadas numa conversa a dois, chegam bem perto dele, que fica tocado com a pergunta. E se sente próximo da violência.
Aqui começa a se revelar a importância da sequência das perguntas. Após ser aproximado de uma realidade de violência em três momentos (perguntas 24, 25 e 26), o entrevistado ouve uma pergunta sobre Copa do Mundo. E a percepção positiva de um evento festivo nem chega perto da associação de ideias. A tendência de resposta vai ser negativa, contrária ao evento.
“Por trazer duas impressões distintas, a impressão pessoal e a coletiva, essa pergunta permite respostas contraditórias. Se você for fanático por futebol, eis a brecha para dizer que a Copa vai ser positiva – e ainda pode dizer que o evento vai ser negativo para o resto do Brasil”.

Na sequência de oito perguntas anteriores, o entrevistado foi levado a pensar em insegurança, violência, alta de preços e Copa do Mundo realizada em momento inapropriado. Esta pergunta fala de protestos. Ainda que o entrevistado não tenha ouvido falar em protesto nenhum, ele vai inferir que, se há protesto, é porque algo está errado. Eis o motivo pelo qual uma única pergunta sobre protestos é mais que suficiente neste questionário Datafolha.
Mais uma vez, destacamos a importância da sequência de perguntas. Depois de dez questões que o induziram a pensar em caos, o entrevistador quer saber do entrevistado suas impressões a respeito da questão da compra da refinaria de Pasadena pela Petrobras. “Eu que não estou acompanhando com muito interesse essas notícias só tenho ouvido falar do assunto de forma negativa. Imagine se eu sou entrevistado pelo Datafolha?”, explica o professor.
Outro detalhe: “Tomar conhecimento” significa estar por dentro dos fatos; “não tomar conhecimento” é estar por fora. A tendência de resposta do entrevistado é de que sim, tomou conhecimento – ainda que nem saiba do que se trata. Mas isso não é motivo para preocupação, pois o Datafolha induzirá as próximas respostas. Acompanhe.
Pra começo de conversa, o entrevistador é instruído a ler bem devagar a pergunta. E apresenta versões sobre a questão da Petrobras. Portanto, apenas uma delas pode ser verdade. A primeira cita as palavras preço justo; a segunda fala em valor acima para beneficiar envolvidos no negócio, e a terceira menciona erro de avaliação.Lembre-se de todas as perguntas anteriores que, além de tomarem boa parte do tempo do entrevistado, o levaram a pensar em caos e confusão. A tendência é que o entrevistado escolha a segunda opção, citando as palavras-chave dela: beneficiar envolvidos. Com um raciocínio simples: “ainda que eu não tenha ouvido falar em nada, se algo aconteceu de errado tem a ver com maracutaia, corrupção”, explica Dioney.
O questionário Datafolha chegou à pergunta que, para Dioney, equivale à que foi feita a respeito do ex-presidente Lula à época do mensalão. A intenção aqui é imputar a culpa na presidenta, ainda que a Dilma Rousseff envolvida na compra da refinaria não seja a atual presidenta, mas a então ministra chefe da Casa Civil (observe que, para o questionário, é irrelevante se o entrevistado está bem informado ou não a respeito do assunto). E as perguntas seguintes ajudam a sacramentar no entrevistado a ideia de que algo muito errado se passa na Petrobras.
Para o sucesso dessa pesquisa Datafolha, o nível de informação do entrevistado é irrelevante. Pouco importa se a falta de chuva é um fato isoladamente crônico numa região específica do estado de São Paulo, e qual o nível de cuidado do governo (federal, estadual ou municipal, tanto faz) em relação à possibilidade de apagão elétrico no país como um todo. Mais uma vez, o entrevistado é perguntado se tomou conhecimento, e não vai passar recibo de desinformado. E pela redação da pergunta, é levado a crer que é tudo uma coisa só.
E a pergunta 39 traz outro verbo tendencioso: deveria. “Esse verbo traz um pressuposto muito perigoso: se o governo deveria agir, é porque não está agindo, certo?”, comentou Dioney.

Depois de ser levado a pensar no caos reinante no país, na iminência de falta d’água (ainda que ele more em regiões onde chove quase que diariamente), na Copa, nos protestos e nos preços altos, o entrevistado é instado a refletir sobre seu próprio emprego. E tem que responder sobre o tamanho do risco de ser demitido, o quanto isso o amedronta (e o medo ainda é especificado para os assalariados e para os que trabalham por conta própria).
Como você se sentiria após responder essa sequência de perguntas? Não responda agora! O Datafolha trará as respostas no próximo domingo, quando serão divulgados os resultados da pesquisa registrada no TSE sob número PO 813739.

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